sábado, 6 de novembro de 2010

Mensagem


Nunca na minha vida, nem mesmo acho eu em pequena pensei que a minha mãe era perfeita. Não aliás a minha mãe sempre fez questão de me deixar bem claro os seus defeitos, os seus traumas... a sua vida difícil.
Vi sempre a minha mãe como uma mulher forte, decidida, guerreira e lutadora.
Tenho sorte de a ter na minha vida, como mãe e como amiga, uma mulher com letra grande que luta pelo que quer com tenacidade e coragem, que não perde tempo a lamentar-se e a ter pena de si.
Ao fim ao cabo e agora eu com quase 33 anos de idade e ela com 54 anos, somos mais que mãe e filha... somos amigas... cúmplices!
Mesmo assim e falando nós de tudo, existem certas coisas que não somos capazes de proferir olhos nos olhos, talvez porque não consigamos faze-lo se sentirmos constantemente um nó na garganta quando abrimos a boca para o fazer.
Embora dura a minha mãe é justa, honesta... directa como um fio de uma navalha, não é de beijos de abraços ou de colo... muito menos de palavras carinhosas de passar a mão pela cabeça, não isso ela não é... É sim capaz de me dar na cabeça, de me fazer ver as coisas com clareza... de me mandar para a luta com uma arma numa mão e uma sandes noutra.
Sendo assim e porque sei que ela vai ler isto, e vai olhar para mim com os seus olhos castanho esverdeados, sem nada me dizer quero deixar escrito para a posteridade:
"Obrigada mãe pela mulher que és e pela mulher que me fizeste ser... Pela força que tens e pela que me fazes ter quando estou do teu lado.
Por seres minha amiga... a minha verdadeira melhor amiga... por me fazeres rir tanto as vezes que me engasgo... por me fazeres chorar até adormecer de cansaço!
Pelos nossos momentos de silêncio... pelas nossas longas conversas... verbais ou daquelas que basta um olhar para entendermos tudo.
Pelos nossos serões de pipocas e de boxe na TV.
Pelas nossas discussões...pelos nossos entendimentos...
Por me fazeres ver sem nada dizeres que vou sempre ser digna de ti, de ser tua filha! Que não interessa o quê, tens sempre orgulho de mim. Por me fazeres ver sem a menor réstia de dúvida que matas se for necessário por mim, sabendo tu que o faço sem hesitar por ti.
Mas mais que tudo isso obrigada pelo amor que tens... por teres alturas em que és simplesmente minha mãe... e que eu do teu lado posso despir a armadura que tenho e ser simplesmente eu! A menina de caracóis que adorava adormecer a mexer no teu cabelo.
Amo-te!"

4 comentários:

Mega disse...

Depois de este texto ler fiquei emocionado pelo que aqui foi expresso.
Mas para dar um ar mais leve ao meu comentário verifiquei uma coisa a tua mãe é quase da minha idade só mesmo ligeiramente mais velha.
E fez-me pensar, se eu tivesse uma filha gostaria muito que fosse como tu mas só tenho mesmo filhos.
Beijo sentido

Paula disse...

Meu amigo lindo.... A esse comentário só posso responder com um beijo e um abraço

Anónimo disse...

Então e o teu pai!!!!???
É sempre a mesma merda os homens nunca exitem

Logos e Praxis

Paula disse...

Pois logo vi sindroma de Edipo assolapado é?
A minha mãe não quis saber de mim e por isso mesmo sou um desgraçado que ningúem ama?
Cresce!