quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Caiam as máscaras

Não tenho paciência nem a mínima simpatia por essa raça que prolifera como plantas daninhas em campos de flores brilhantes e harmoniosas...
Irritam-me, enervam-me... tiram-me do sério de uma forma tal que dou por mim a cerrar os dentes e fechar as mãos em formatos de punhos para me controlar e não lhes arrancar a máscara á força de uma chapada bem assente.
Assustam-me com a capacidade sufocante que têm de se infiltrar num meio e mimar o ambiente até ele assumir o cheiro sufocante e podre da putrefacção do carácter.
Vivem de aparências, do que parece bem, do que ajuda a assumir algo que não são a mostrar o que não valem!
Mas o que de facto me arrepia é reparar que são o que maioritariamente encontramos… no bar, na rua, no trabalho… sorrisos amarelos acompanhados de palmadinhas nas costas numa forma subtil de procurar o sitio certo para enfiar a faca… o sitio que faça mais estrago e que destrua mais.
Não consigo… a sério que não e eu até sou uma mulher forte acreditem, mas sinceramente estou a ganhar fobia as pessoas… alergia crónica! Há dias que sinto a maldade que emana… a falsidade que se desprende e se vem colar ao meu corpo deixando um cheiro fétido e acre da hipocrisia que nos rodeia.
E depois elas tendem a ter a capacidade reservada as lapas de se colarem a quem as afasta, de imporem as suas ideias, as suas opiniões… de quererem desabafar os seus problemas mesquinhos e banais…
Não me achem fria ou desumana ao dizer que os problemas são de pouca importância para mim… sei o que são problemas a sério, sei lidar com eles sozinha (por opção ou não!), sei apoiar quem precisa (com palavras ou gestos), e o que me mostram estes arlequins que habitam por este mundo fora não são problemas são anedotas.
Que se passa comigo? Porque será que ultimamente a minha capacidade de tolerância esta tão reduzida aos mínimos… sinceramente não sei! Mais sinceramente ainda? Não quero saber.
O que sei é que tenho uma família que luta todos os dias, que se levanta pela manha plenamente consciente dos problemas que nos rodeiam mas sempre com muita força e poucas lamentações… sei que tenho uma irmã de alma que está numa luta constante a procura de um trabalho (sim trabalho cambada de parasitas medonhos… não de emprego), que lhe permita aguentar a sua vida e colocar comida na mesa, roupa no corpo e aprendizagem na mente do meu sobrinho lindo… porque carinho no coração e coragem na alma ela dá-lhe de sobra, e apenas tem recebido noticias más… portas fechadas! Mas não desiste! Nunca… Desistir não faz parte de quem é grande!
Sei com a certeza que ainda não estou louca que tenho seres que me rodeiam, poucos mas bons que se assumem pelo que são, sem medos… de cara lavada e coração puro!
Mas a sério que me custa ter de lidar diariamente com esta cambada de vermes que apenas ligam as aparências, ao que fica bem… como ficar bem numa foto ausente de vida…limpa de emoções!
Se calhar o problema sou eu! Espero sempre mais… quero sempre mais… vivo sempre mais.
Mas por um lado como poderia eu viver sem ser eu? Sem rir quando o motivo era para chorar? Sem gritar, sem falar… sem mostrar os meus pontos de vista estando-me a cagar se isso me vai trazer mais inimigos a costa?
Será que pelo facto de amar demasiado a vida me faz ser um alien nesta humanidade de seres que apenas sabe viver em porções mínimas e medidas com balança precisa? Eu que gosto de “cozinhar” a olho? De misturar o verde no azul? Os quadrados com as riscas?
Peço-vos com a força de alguém que sabe o que está para vir, retirem as máscaras… respirem fundo! Orgulhem-se do que são!
E vivam a vossa vida! Deixem os outros viver a deles!
E se possível lutem pelo melhor de um todo e parem de puxar a corda cada um para o seu lado porque ela arrebenta e aí! Aí acaba a brincadeira e vai ser um sarilho!

12 comentários:

Ana disse...

Ah sis, emocionaste-me! Mas não te preocupes, é uma emoção boa, quente e transbordante de carinho :)
Ri também, com as tuas palavras.
Babe, isto está a ficar complicado para quem consegue (realmente) ver. Estamos em fase de acertos, todos nós. Como diz o nosso loiro :"O comboio já partiu da gare. Quem apanhar, apanha. Quem não apanhar, fica para trás."
Sei que não é fácil, "assistir da bancada", á marcha dos amorfos, mas não podemos fazer muita coisa a não ser alertar. Que é o que tu fazes, babe, nestes posts. Se conseguires "acordar" alguém, epá, será excelente. Se não conseguires, terás feito a tua parte.
Não sejas tão dura contigo mesmo, está bem? E mantêm a tua essencia. Ela faz falta, mais que não seja, a nós que te amamos :)
Beijo enormeeeeeeeeeeeee.

Nokas disse...

Acredita, o problema não é teu!!

Paula disse...

Minha irmã,
Tu conheces-me tão bem... acho que as vezes mais do que aquilo que pensamos e sabes o que me custa ficar na "bancada a ver"... sinto a garganta arranhada de tanto gritar alertas e parece que ninguem ouve.. ou então fingem que não ouvem!
A minha essencia vai estar sempre aqui, pelo menos faço por isso!
Beijos enormes meu amor!

Paula disse...

Nokas,

As vezes já duvido disso sabes?
Beijinho obrigada pela passagem

Luísa Lopes disse...

Junto-me já ao clube dos que amam muito, vivem tudo com muita intensidade e sentem essa "incapacidade" de resolver tudo.
Quando penso que já limei as arestas e estou mais controlada,(longe dde mim, talvez) vem a minha essência lembrar-me de quem sou.
E sabes que mais? Gosto!
A luta está aí. Bora lá!!
Bjs

Anónimo disse...

Utena a “Pintora”

- Campos de flores brilhantes e harmoniosos: claro Van Gogh.
- Cheiro sufocante e podre de putrefação:parece-me Hieronymus Bosch.
- Quadrados com riscas: obviamente Picasso

O carnaval de Veneza ainda vem longe e porque não as mascaras!!! ? ?? É mais seguro, não acha?

Credo até estou assustado, quando começa a disparar em todas as direcções…e cito “Que se passa comigo”, nada pensa cá o Zezinho… mas lá no fundo bem fundo o que entendo das tuas palavras “ è que não devemos confiar demasiado nas pessoas”.
A técnica para gente feliz sem lágrimas é esta:

A mascara deverá ser sempre 5%, ou seja podes dar ou vender 95% da tua alma (e porque não do corpo), mas os restantes 5% são sempre teus e só teus.

Logos e Praxis

Paula disse...

Luisa,

Quando se tem do lado companheiros como tu a luta é uma partilha maravilhosa e ansiada com vontade e entrega.
Bora lá
Beijos

Paula disse...

Logos e Praxis,

Confesso que já sentia a sua falta pelo meu cantinho.
Não me considero pintora, nem acho que dispare para todos os lados, sou apenas eu o mais sinceramente exposta nos meus textos, que são no fundo parte da essencia do que sou.
Não gosto de máscaras falsas, para as usar uso por completo.
Em Veneza o carnaval é triste... sombrio... não se fala, nem se ve pele. Usa-se a mascara no seu todo. A isso dou valor porque é dificil.
A esta gentinha que usa a mascara porque lhe interessa não, aliás enoja-me.
Mas compreendo o que diz... sim convem perservar parte do que somos...
Bem vindo/a de volta.

Anónimo disse...

Bem... Arrepiei! Estas vieram lá msm do fundo, cheias de intensidade, poder, honestidade e transparência.
Rendo-me às (suas) evidências

M. disse...

Ao contrário do que a Nokas escreveu, eu acho que o problema é teu. Vês o mundo filtrado por ti...a partir de ti (e fazes bem) e facilmente chegas a conclusão que o mundo é muito inferior ao que tu és e sentes...

É uma das consequências de olhares mais por/para ti...

Nada receis...Faz parte:)

Paula disse...

Anónimo,
Todos os meus textos são parte de mim... alguns tocam-me é mais e ai a janela da censura baixa e alma revela-se mais.
Obrigada por sentir o que eu quis transmitir

Paula disse...

M.
Não me considero melhor nem mais que ninguem... mas sim este mundo esta pequeno e a sua pequenez assusta-me.
Recear não receio... entristeço-me