quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Confesso que me faz confusão


Pode ser que isto seja apenas defeito meu…um qualquer defeito de fabrico que me faça ver as coisas de uma forma demasiado fria, para um assunto demasiado quente.
Ou talvez eu nunca tenha amado como deve de ser segundo a magnitude da palavra… ou então o sentimento nada tenha de tão embelezador quanto a palavra lhe dê…
Sinceramente não sei.
Sei que já sofri por alguém, a magnitude desse sofrimento do meu… do vosso, não pode nem deve ser quantificado como uma qualquer fórmula matemática que dá um resultado certo e limpo.
A beleza dos sentimentos é mesmo essa… é unicamente de quem o sente e expresso apenas na forma própria de quem o tem.
Sou e sei que o sou uma mulher diferente do habitual, e interpretem isso da forma como quiserem, eu digo-o com a frieza e a simplicidade que me caracteriza, mas também eu nunca tive problemas em sofrer… em contrapartida talvez tenha problemas em me entregar, não deixa no entanto de me fazer confusão quando um sofrimento normal, característico do fim de um ciclo que apenas acaba de um lado passa a ser um sofrimento louco e destrutivo.
Não podemos arrancar do nosso peito e da nossa alma o sentimento que sentimos por alguém, ou a saudade que a sua ausência nos faz sentir… já passei por isso, por aquelas alturas onde a visão de uma forma de andar… o cheiro do perfume que usa ou da música que ouvíamos numa tarde de chuva no deixa momentaneamente desorientados e sem fôlego porque nos sentimos de repente isoladas do mundo e a braços com a tristeza que o fim nos trás… mas a verdade é que depois desses primeiros momentos as mesmas situações que nos deixavam alienígenas do nosso sentir nos deixa com um sorriso no rosto porque as lembranças são boas e porque nos deixam melancolicamente saudosistas.
È nessa altura que a “cura” começa, quando começamos a ver o bom do que demos de nós e não o sentimos como um tempo mal empregue…
Está certo que temos os que não conseguem ultrapassar as coisas e que o seu processo de cura é a raiva ou o ódio mas mesmo esse sentimento consegue ser de certa forma melhor entendido por mim, porque por mais corrosivo que seja faz-nos continuar… seguir em frente e ser feliz á sua maneira.
Agora quando começo a ver pessoas que perdem a vontade de viver, que se vão anulando suavemente por causa de alguém olho e não entendo o motivo… ninguém é suficientemente importante para nos destruir a identidade… ninguém tem suficiente importância para nos auto-destruímos…
E a impotência que sentimos em nada puder fazer mais confusa me deixa, mesmo sabendo pela experiencia que tenho que ninguém é ajudado se não quer não posso deixar de assistir incrédula a esse processo que muitas vezes quando se começa o processo de cura já está tão avançado que o individuo que dele sai pouco se parece com aquele que conhecíamos.
Valerá a pena?
Eu penso que sim…amar sem pensar que vai acabar ou se valerá a pena ou não.
Mudarei a minha forma de ser?
Não sei, mas ao fim de 33 anos acho que já pouca coisa muda deste lado… mas também eu nunca fui dependente de ninguém para nada… faço as coisas que faria em conjunto sozinha se isso me der prazer…
Irei algum dia entender?
Não! E aí assumo com a certeza cínica que também me caracteriza que não! E pior que isso? Dificilmente aceitar alguém que sabe que está a entrar num buraco e pouco faz para se ajudar… nem busca ajuda que sabe vai encontrar.

Como diz Anthony Trollope:
“Aqueles que têm coragem para amar deveriam ter coragem para sofrer!”
Pensem nisso.
Namasté

16 comentários:

M. disse...

Não há grande amor sem grande dor.

Um dia irás sofrer. Muito. Porque mereces:=)

Paula disse...

M.

Não poderiam ter-me desejado algo melhor...
Obrigada.

Pink Poison disse...

Nem todos sabem sofrer. Nem todos sabem perder. Mas sim, as lembranças ficam com outra conotação. :)

Paula disse...

Pink,

E isso é o que vale a pena não é?
;-)

Mary disse...

Adorei a frase de Anthony Trollope. Mas a verdade é que para amar, estamos sempre prontos mas para sofrer não.
É como olhar de manhã pela janela. Vemos uns raios de sol e vamos preparados para o calor, mas se virmos os galhos das arvores a abanar, nunca vamos totalmente preparados para o vento.

A musica pode ser um condão para reatar sentimentos mas também um condão para encerrá-los. Acho que é mais esse o meu caso.

Beijinho* Espero que esteja tudo bem :) *

Nokas disse...

Dói e muito...muito mesmo!!! Mas também aprendemos a valorizar-nos :)

Paula disse...

Mary,

Seja o condão que seja que sirva apenas para te fazer feliz...
Quanto a não estarmos, verdade que não mas a vida é feita de sofrimentos e existem uns que mesmo dolorosos são deliciosos

Paula disse...

Nokas,

Verdade que sim e isso já conta muito

Anónimo disse...

Faz tudo parte do nosso crescimento pessoal, o amar, o sofrer, o lembrar, as saudades. A verdade é que cada um sofre à sua maneira, leva mais ou menos tempo a ultrapassar o sofrimento...aquele sofrimento que nos deixa sem chão, sem ar...
Apesar do sofrimentos de cada um, todos esperarmos vir a amar novamente... e creio que na verdade todos o ansiamos; poder sentir todos aqueles sentimentos que nos fazem ver tudo cor de rosa! :-) Independentemente do que vai acontecer a seguir... o que interessa é viver... viver e não ver a vida a passar ao lado. É saltarmos do avião sem paraquedas...para o desconhecido... sim todos os que amam estão preparados para sofrer, mas esperam que tal não aconteça.
Muito amor para todos e em especial para ti amiga!!
Beijos grandes,
OlgaM

Paula disse...

Olga,

Sim faz mas as pessoas só querem a parte boa das coisas e quando a têm não aproveitam.

Beijinhos enormes

Anónimo disse...

e depois arrependem-se... mas por vezes é tarde demais... e quando se arrenpendem já não há nada a fazer....


beijosssss
OlgaM

Paula disse...

Olga,

Nunca é tarde quando existe verdadeiro arrependimento =)

Beijinhos

João Paulo (Sharky) disse...

" mas também eu nunca tive problemas em sofrer… em contrapartida talvez tenha problemas em me entregar ".

Mas já sofreste, logo tiveste os teus problemas emocionais. Contrapartidas vêm sempre depois, tens consciência e sabes que caminhos tomar depois desse/es sofrimento/os.
Não tens problemas em te entregar, tens sim precauções e cautelas com os novos envolvimentos emocionais. É isso que queres? Um novo envolvimento? ;)

Eva Gonçalves disse...

O comentário da M., já diz tudo... espero que sim, que um dia sofras muito e depois falamos :)Beijo

Paula disse...

Sharky JP,

Eu quero o que toda a gente inevitavelmente quer...
Não, não é paz no mundo, embora desse jeito é mais ser feliz

Beijo

Paula disse...

Eva,

Só nessa altura é que falamos?
Parece-me muito mal =)

Beijo