terça-feira, 25 de outubro de 2011

E vocês como vivem a vida?

Chegar a constatação que a vida nunca e o que desejamos mas sim o que tem de ser é algo que marca. Quase como quando descobrimos que as prendas que aparecem debaixo da árvore no Natal são colocados pelos nossos pais e não por um velhinho simpático de barbas.
Mas a beleza da vida, tal como a magia do Natal não é conseguir o que queremos… mas lutar pelo que desejamos. Por mais difícil que isso seja porque aquela famosa frase que diz “a sorte sorri aos audazes” é apenas e só uma frase bonita.
Hoje em dia é cada vez mais fácil ver que as pessoas estão conformadas e isso para mim deixa-me atónita… conformismo para mim é como se fosse uma morte lenta.
Não consigo ver as pessoas de bem com a vida ou satisfeitas com as escolhas que fazem… sei claro que com a dificuldade dos tempos que correm não nos permitem estar 100% felizes… a não ser claro que se pertença a classe dos senhores das fortunas que pupilam por este país e mesmo esses acredito que estão preocupados… não aterrorizados como nós pobres mortais… mas assustados q.b.
Acreditem que já fui alguém que sofria por antecipação, sempre pensando hoje no dia de amanhã… na semana seguinte… no mês que vinha ou como seria o ano que viria. Acreditem também que aprendi da maneira mais dolorosa que a única coisa que isso faz é deixar-nos desiludidos e com que percamos os bons e pequenos momentos que a vida nos trás.
Claro que devemos ter projectos… sem dúvida que não faz mal nenhum sermos ambiciosos desde de que o sejamos de forma realista e claro com o esforço pessoal e não passando por cima de ninguém.
E não é vergonha nenhuma enveredar por um caminho e chegar á conclusão que não é isso que nos faz feliz… vergonha para mim é manter esse caminho porque nos conformamos com ele.
E quem fala de trabalho, fala da vida pessoal… com amigos ou companheiros.
Para mim o ponto-chave de viragem, embora já o tivesse a vir a alcançar, foi a operação do meu pai em 2010.
Ver aquele homem que sempre foi uma fonte de energia e força deitado numa cama sem puder fazer nada para o tornar saudável e seguro fez-me ver com uma clareza brutal que esta vida é para ser vivida dia-a-dia e cada dia da melhor e mais feliz forma possível.
E aproveitar os pequenos prazeres que ela nos trás como a primeira chuva de Outono… a primeira neve… o primeiro botão das roseiras no meu jardim… o sorriso de uma criança ou mesmo como aconteceu neste sábado o abraço de uma desconhecida isso sim vale a pena.
É basicamente como a frase dita nessa meditação que não me ficou só na mente ficou-me no coração.
“Esta terra não nos pertence nós pertencemos a esta terra!”
Então o ideal não será fazer do tempo que cá passamos o melhor possível? Com partilha e amor?
E quando o desespero chega, e acreditem que ele chega e se calhar de uma forma bem mais dura do que a aqueles que se entregam a ele todos os dias o que eu faço é olhar para a minha família, para os meus cães e quando sinto a brisa na cara lembrar-me que em alguma parte do mundo existe alguém que sofre muito mais que eu…
Deixo que ele venha e que não se prenda… respiro fundo e continuo no mesmo rumo ou em outro diferente…mas sem desistir… sem me conformar… mas principalmente mantendo-me fiel a mim mesma.
Namasté

14 comentários:

Anónimo disse...

Tudo isso é verdade e contado com as tuas palavras tem sempre um sabor especial. Julgo que para não seguirmos aqui significa que na realidade não somos livres, como pensamos. Estamos presos a tantas coisas, desde as dúvidas existenciais, crenças, receios, a outras prisões obrigacionais, do trabalho, da família, daqueles que precisam de nós e eles de forma consciente ou inconsciente nos condicionam algumas decisões, escolhas, rumos e essas nem sempre são as que seriam mais adequadas a nós, mas julgo que vamos sempre a tempo de mudar esse rumo, se realmente acreditarmos que vale a pena e se ele não implica perder coisas igualmente importantes.

Ainda bem que existem esses pequenos prazeres que nos adoçam a vida em qualquer estação.
bjs

CF disse...

Bons principios Utena. E como muito bem referes, por vezes é necessário acontecerem momentos traumáticos na vida da gente, que nos fazem parar e repensar as opções que vinhamos tomando...
E acomodar, nunca! Se temos a possibilidade de escolha na nossa vida, porque não a utilizamos?
Nem mais...:)
Bjs

Unknown disse...

O conformismo não é necessariamente mau. Tens de ler as obras de Ash e de Harre. :P

Mas concordo assim duma maneira geral com o que escreveste... e acrescentaria que a vida é bastante efémera e que, ao contrário de numa filmagem, não existe a possibilidade de repetir as acções. O que foi feito, fica feito e não podemos fazer de conta que não foi feito... e daí teremos sempre as suas repercussões. Mas se calhar é também por causa disso, e de muitas outras coisas, que a vida é uma aventura fascinante que vale a pena ser vivida. Mesmo que não consigamos o objectivo máximo que é a felicidade, algo que nunca é constante, pelo menos poderemos sempre saborear as sensações e emoções que a vida nos proporciona, sejam boas ou más... por entre o caminhar inconstante e incoerente do dia-a-dia da nossa existência. :)

Sutra disse...

só me ocorre enviar-te um beijo na alma! :)

beijo
Sutra

Anónimo disse...

Há quem diga "não faças planos para a vida porque podes estragar os planos que a vida tem para ti". E de facto, a vida "atira-te" sempre umas coisas para o caminho para te fazer crescer sem dúvida. Mas sabendo isso, dou por mim a pensar porque as coisas não são mais faceis, pelo menos de vez em quando... Claro que temos os nossos objectivos, os nossos sonhos que tentamos seguir, o que podemos fazer é esperar que tudo corra pelo melhor, mas ainda assim estar preparado para as coisas menos boas.
De qualquer das maneiras é sempre bom amigos como tu ao lado, nos momentos bons e menos bons!
Obrigada pelo texto!
beijocas,
OlgaM

Teresa Santos disse...

Utena,

Na grande maioria dos casos, só aprendemos a dar o devido valor à vida, depois de termos sido confrontados com situações limite.
A vida deve ser vivida assim, a saber tirar partido das pequenas coisas, a relativisar uma infinidade de situações que, muitas vezes, não têm a importância que lhes atribuímos.
E sim, sem dúvida, a nossa verticalidade deve manter-se, inquebrável, vida fora.

Beijinho.

Paula disse...

Martini,

Tu és de facto um cavalheiro. Obrigada pelas tuas sempre doces palavras. Eu conto como as sinto tentando ser o mais honesta possível comigo e com quem me le e isso é que conta certo?

Tal como é um prazer ler-te em qualquer estação

Bjo

Paula disse...

CF,

Porque dá trabalho defender o que acreditamos.
Infelizmente muitos pensam assim... felizmente muitos não pensam.

Beijinhos

Paula disse...

Ghost Rider,

Acredita que a vida é mesmo assim intensa e real.
Viver é uma aventura e as aventuras devem ser vividas com o coração aberto...

Beijinhos

Paula disse...

Sutra,

Obrigada um beijo assim sabe sempre bem =)

Outro para ti e um abraço também

Paula disse...

Olga,

A beleza da vida também é isso... bons e especiais amigos como tu.

Beijinho

Paula disse...

Teresa,

Viver não custa... custa saber viver e é mesmo assim...
Viver com vontade e sempre fiel a principios.

Beijinhos

Anónimo disse...

Pois é, Pois é, carissima UTENA, o jogo jogado nunca é igual ao jogo sonhado.

E gostei.. particularmente muito dessa ultima tirada " e sempre fiel a principios"...onde é que eu já ouvi isto, talvez na catequese na minha aldeia há milhoes de anos.....

Habemus Papa não Habemus Utena

Logos e Praxis

Paula disse...

Logos et Praxis,

Já cá fazia falta o seu sarcasmo sempre presente.
Fiel aos princípios sempre nunca passo por cima dos outros... não se rege assim? Cada um lida com a vida como ela o faz mais feliz.

E BTW? Nunca seria papa nem um modelo a seguir tenho defeitos de mais...entre eles pelos vistos a consciência... mas dou a "cara".

Continuo a aguardar no entanto o seu e-mail..."corajoso".

Volte sempre que é sempre bem vindo