segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Este blogue foi homenageado


Pois é verdade que sim, li ontem uma homenagem maravilhosa da querida amiga virtual Eva Gonçalves do blogue Including the Kitchen Sink
Já a sigo vai para algum tempo e como ela tinha um passatempo no seu maravilhoso espaço, resolvi concorrer para ver o que saía…
E fiquei de queixo caído, sem palavras (por mais estranho que isso possa parecer) e muito comovida não apenas com as suas palavras que originaram o texto de ficção que foi criado com o nome do meu cantinho como com a homenagem que esta querida me fez.
E olhem que fiquei mesmo com uma lágrima no olho depois de ler e de me sentir no papel do actor que faz parte da história.
Deixo aqui o texto exactamente como consta no seu espaço.
A vocês aconselho a darem por lá um salto e a lerem… é viciante.
A ti minha querida Eva mais uma vez obrigada por este maravilhoso miminho.



ACTO I
(Cenário minimalista, constituído apenas pela cadeira no meio do palco e o holofote que a ilumina. O actor surge do fundo do palco escuro, e inicia o monólogo, interagindo e desafiando o público)

Estar no palco a falar da nossa vida, dos nossos ideais desfeitos, das vitórias, dos fracassos, é difícil. Mais difícil do que parece...Têm dúvidas? Gostavam de estar no meu lugar? Trocavam de lugar comigo aqui em cima deste palco, sob estes holofotes? AGORA? Trocavam de lugar agora mesmo? E se eu vos desafiasse a fazerem isso mesmo? Quem quiser, pode fazê-lo! Vamos! Vamos! Não passais de uns covardes...ouvis? De uns COVARDES aí na plateia confortavelmente escondidos na penúmbra... mas aqui... exporem-se... isso não são capazes (riso cínico)... vamos! Não há um único voluntário que queira vir ao palco? Sim... porque criticarem o espectáculo...o monólogo, o actor, o encenador, o dramaturgo, com comentários pseudo-intelectuais... é fácil...tão fácil...

(Pausa... O actor aproxima-se da cadeira, vira-a e senta-se de costas para o público)

Talvez seja mais fácil de costas... não que vos estivesse a ver aí no escuro... mas sei que estais aí... respirando silenciosamente... uma tosse aqui e ali... um telemóvel que não foi desligado, um sussurro... temo aborrecer-vos. O que valerá a minha opinião? Os meus ideais? A minha consciência. A minha culpa... Surpreender-vos-ia se vos confessasse que sou um assassino? Sim... podem parar por dois segundos de enviar uma sms... foi isso mesmo que ouviram. Sou um assassino!! Assassinei o meu próprio carácter! Judas seria considerado um rapazinho de coro... traí tudo em que acreditava e tornei-me ... tornei-me... nisto... Não passo de uma fraude, um impostor, um actor constantemente representando-me... sois doravante meus confessores... E em que acreditava eu, perguntarão vocês. (riso terno) Acreditava em tudo... na honestidade, na justiça, na sociedade, na política, no Estado, na família, no amor... vendi-me... troquei os sonhos, os valores, a integridade, pelo conforto, a passividade, o egoísmo... tornei-me na amostra de homem que vêm... uma ínfima percentagem do homem que fui um dia... até que finalmente, electrocutei o carácter na banheira...


(pausa... O actor, ajoelha-se ao lado da cadeira em pose de prece)

Vós que estais aí na plateia... a quem me confesso... dai-me a absolvição...

(fecha a cortina)

ACTO II
(O actor encontra-se sentado na cadeira no meio do palco virado para o público)

Estais neste momento a pensar que eu era um ingénuo. Pois era! Idealista! Mas não fazia mal a uma mosca! Daí até me ter tornado um assassino, foi um percurso longo... a aprendizagem do cinismo, a desilusão com o amor, com as pessoas, com a sociedade, com a política, com o Estado... não me estou a desculpar do crime que cometi... mas convenhamos, não fui o único. É verdade, duvidam? Quantos dos presentes podem atirar a primeira pedra? Quantos não são igualmente criminosos, tendo assassinado o vosso carácter? Julgam que me enganam... (gargalhadas) Sei bem que os guardam congelados nas vossas arcas frigoríficas... enterrados nos vossos quintais... (o actor levanta-se e dirige-se para a plateia) Tu por ex (dirigindo-se a um espectador em particular), atiraste-o ao fundo do mar? Atropelaste-o um dia de madrugada? Enforcaste-o na garagem? E tu? (dirigindo-se a outro expectador) Confessa! Onde está neste momento o teu carácter? ONDE?? Amordaçaste-o e estrangulaste-o lentamente até à morte, não foi? ASSASSINO! Assassinos!! Covardes... (dirige-se para o palco de novo, virando-se para o público). Quereis absolvição? (riso cínico) Confessai-vos...

(fecha a cortina)

ACTO III
(O actor encontra-se sentado na cadeira no meio do palco virado para o público)

Eis-nos chegados ao terceiro acto deste triste espectáculo! Uma pequena sala de espectáculos convertida em confessionário colectivo! Ou será em cela de penitenciária colectiva? Condenados a viver sem carácter, será que poderemos verdadeiramente alguma vez perdoarmo-nos? A incongruência com os nossos ideais, não é ela mesma uma penitência? A inversão de valores e prioridades, não encerra em si mesma, um fardo? Uma prisão? E agora? Poderemos alguma vez reabilitar o nosso carácter assassinado? Poderá ele alguma vez nos perdoar? Cabe a cada um de nós descobrir...

  (fecha a cortina)
PALMAS! MUITAS!!!!


Nota: Com este post, continuo a rubrica Diz-me como se chama o teu blogue, que eu dir-te-ei o que me apetecer, respondendo a mais um dos muitos pedidos recebidos. Relembro que o conteúdo destes meus contos ficcionados nada têm que ver com os blogues referidos ou com os seus autores, sendo o título do blogue, o único elo comum. Neste caso, o blogue OS MEUS IDEALISMOS. Utena, neste caso, é um dois em um... uma resposta a um pedido e uma homenagem :)Espero que gostes!

Eu adorei e vocês o que me dizem? =)



8 comentários:

Anónimo disse...

Estou cá, justamente por causa deste texto e pela mão da fabulosa Eva.

Sei que o texto não tem a ver com o Blog propriamente dito, mas a "peça" que a Eva escreveu é indubitavelmente maravilhosa.
Leia o meu comentário lá.

Julgo ser esta a minha primeira vez em sua casa...
mas não será seguramente a última.

Fernanda
para todos

Eva Gonçalves disse...

You're welcome my dear! :) Parece que há leitores meus que ao te visitarem dão com uma daquelas mensagens de vírus... não percebo eu ainda não tive problemas desses em blogue algum, mas só leio bloggers a se queixarem!! Vê lá se instalaste alguma aplicação nova recentemente... não sei...beijinhos

Paula disse...

Olá Fernanda,

Obrigada pela visita, vejo que não teve problemas virais com o meu espaço não sei o que se passa mas este bloguer anda doido.
Espero que goste deste meu cantinho

Volte sempre
Bjo

Paula disse...

Eva,

Não instalei nada de novo e pelo que ouvi nas lides blogueiras é que supostamente tem a ver com o blogue da Avogi... ou uma qualquer instalação de contadores.
Desinstalei tudo o que poderia ser inclusive e infelizmente o da Avogi...
Pode ser que agora já esteja ok.

Beijinho

M. disse...

A homenagem é justa porque merecida:) E a Eva é espantosa...É incrível a imaginação dela...Já a qualidade da sua escrita, essa...nem se fala:)

Paula disse...

M.

Sim a homenagem é daquelas que nos deixa comovida e sem palavras...
A Eva é extraordinária na escrita

João Paulo (Sharky) disse...

Não estou nada surpreendido, é mais que merecido. Abraço ;)

Paula disse...

Sharky,

Obrigada =)

beijinho