terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Quando o defeito é pensar demais


Amanda parou o carro na entrada e suspirou, o dia tinha sido complicado no escritório e para completar a discussão que tinha tido com a mãe pelo caminho tinha-lhe demostrado com uma clareza arrepiante que as dores de cabeça não eram apenas uma forma de ficar ciente que a tinha.
Fechou os olhos e suspirou… era ridículo aos 33 anos ainda ter aquele tipo de conversa com a sua progenitora mas desta vez ela tinha ido longe demais… ter dado informações suas ao filho da vizinha e para além disso facultado o seu contacto tinha originado mais um dos seus ataques de mau feitio que terminara num “sai para lá” muito pouco educado.
Fechou os olhos pegou nos sacos e saiu… viu o carro preto estacionado assim que colocou a cabeça de fora… sorriu.
A 6 meses que mantinha uma relação de que ninguém era testemunha, gostava daquele segredo só seu… sem conselhos não pedidos ou imposições forçadas… dirigiu-se para a porta sorrindo sedutoramente para a noite.
O cheiro de incenso de Jasmim deixou-a tépida desejosa de sentir na pele a mão daquele que a sabia conduzir como ninguém.
- Marcus?
- Sobe – disse com a sua voz rouca
Adorava a sua voz rouca… mas o que a atraia era a sua inteligência mordaz e o seu sorriso sarcástico de quem sabe o que quer… de quem sabe o que faz.
Subiu as escadas devagar…o jogo entre os dois requeria perícia… não havia pressa… cruzou a porta e encontrou o quarto iluminado com a luz dourada de velas espalhadas por todo o lado.
- Ainda vou ter uma queixa dos vizinhos para o quartel dos bombeiros mais próximos sabes isso certo?
- Dia difícil?
Amanda sorriu, ele sabia sempre quando ela estava mais tensa… pegou no copo de champanhe que ele lhe esticou da cama… a sua pele dourada refletida por milhares de pequenas chamas parecia em fogo…sentiu as pernas tremer sem antes ter tocado na bebida dourada que segurava.
- Já terminou… correu bem a viagem?
- Já terminou – disse com um leve arquejo sedutor da sobrancelha – despe-te quero ver a luz incidir no teu corpo.
Amanda nunca se tinha sentido sexy até conhecer Marcus, ele tinha a capacidade de a desinibir… de a fazer sentir mulher na verdadeira ascensão da palavra.
Despiu-se sem desviar o olhar da cara de Marcus…cada peça que retirava sentia que ficava cada vez mais em chamas… adorava o poder que tinha sobre ele… desejava a sensualidade despertava nela… ansiava senti-lo… tinha tido saudades?! Não esse sentimento era perigoso na relação que tinham… deixou que o brilho que sentia nos olhos de Marcus afastassem esse pensamento e dirigiu-se para ele…percorreu com  a ponta dos dedos as suas pernas… delineou as suas ancas… brincou com as unhas na sua barriga até o sentir ronronar…
- Adoro o teu toque – sussurrou – mas sabes o que gosto mais ainda?
- Diz-me!
- Do teu sabor… vem matar-me a saudade.
Saudade… duas vezes a palavra… o suficiente para a travar…
- Pensas demais, já te tinha dito que esse é um dos teus piores defeitos.
Ergeu o tronco, envolveu-a com a mão e puxou-a para si… colou os lábios aos dela e o interruptor na sua cabeça desligou-se…
Passou a ser instinto puro… a pele na pele… a fome dos sentidos… a entrega que raramente se tem mas que se anseia sempre que se pensa que se está com a pessoa certa…
Cada caricia… um segundo… cada beijo…uma memória… cada gemido…um segredo!
Amanda acordou com frio… apalpou a cama vazia… sentiu o olhar de Marcus antes de abrir os olhos…
- Ficas linda a dormir sabias?
- Fica… deixa-me acordar nos teus braços pelo menos uma noite!
- Uma? Uma não chega… não entendes? Sem ti não vivo…sobrevivo… se ficar uma…não saio mais!
- Então fica… vêm para o meu lado… toca-me novamente…sela com o teu corpo aquilo que as tua boca acabou de proferir.
E ele selou… de uma forma que não deixa marcas na pele… mas queima a alma…
Acordou já o sol ia alto… a cama estava vazia…fria… a noite passara e a promessa diluíra-se!
- Continuo a achar que pensas demais – a voz de Marcus veio da cozinha – Veste a minha camisa e vem para baixo não sei onde está a merda da manteiga para fazer os ovos.
Sorriu… levantou-se sentindo-se dorida da noite… desejosa pelas outras todas que se seguiam… 

PS: Este é um meio... meio loucura...meio conto... meio vontade... meio desejo. 
Espero que gostem

10 comentários:

Anónimo disse...

Olá, pode ser "um meio" mas que está muito bem escrito está!!!



beijo



o defeito de pensar demais e a mais ...algo que conheço muito bem!

Anónimo disse...

Uau, menina bloguista belo conto!
Adorei as descrições, muito bem escrito sim senhora, muitos parabéns!! Gostei muito mesmo!
Será que tem continuação?
Beijinhos,
OlgaM

Paula disse...

Gadreel,

Obrigada...
Beijo

PS: Sim eu conheço também muito bem esse defeito.

Paula disse...

Olga,

Este não... este será em principio filho único. Pelo menos assim foi pensado.

Obrigada querida beijinho

R disse...

Não gostei pelo meio... Adorei pela plenitudo do que nos inspira e instiga...

Beijos!

Nokas disse...

Adorei!! Poderoso :))

Pretty in Pink disse...

Eu gostei e muito!! Senti-me completamente envolvida pela historia!

Beijinho*

Paula disse...

Eros,

Também me pareces alguém que não fica pela metade.
Obrigada...

Beijo

Paula disse...

Nokas,

Obrigada =)

Paula disse...

Pretty,

É isso mesmo que procuro com os meus contos.
Fico feliz.

Beijos