segunda-feira, 9 de julho de 2012

Voltei e indago-me!


Tenho andado ausente é um facto, quando me sinto mais cansada torno-me um pouco alheia ao mundo que me rodeia, quase como se o Tico e o Teco por alguns segundos parecem a roda e sossegassem para me dar um tempo de folga.
Por um lado é bom já que permite recuperar o espírito (tenho a sorte de ter mental e fisicamente uma capacidade regenerativa acima da média), por outro é mau já que muitas vezes fico tão alienada do mundo que já me perguntaram se andava a medicamentos. Enfim, adiante!
Um dos sinais que tenho que retorno ao meu "eu" é quando começo a captar conversas alheias de pessoas, mesmo quando estou a levar a cabo um trabalho ou uma conversa com outra pessoa, e enquanto mantenho o diálogo vou gravando e fazendo subconsciente o meu comentário ao que vejo, sinto e ouço. Não é coscuvilhice acreditem, mas algo que está tão entranhado em mim que quando me esforço para não acontecer fico com o ar do Brad Pitt no filme os "12 macacos" (acho que é esse o titulo), ou seja fico com o ar xanfrado de quem fugiu do manicómio e veste uma farda que não lhe pertence.
Hoje a conversa que captei era sobre uma relação, que ainda não era relação, mas que tinha pernas para andar. Confusos? Também eu!
Resumindo?
Uma das senhoras, teria iniciado "conversações" com um cavalheiro para o inicio de algo que poderia ser bom, mas que ainda não haveria certeza se o seria,e pedia conselhos a amigas, se estaria a ver coisas, se achavam que deveria arriscar.
O engraçado nisto foi quando diz que nesta relação iria ter uma atitude de homem, ou seja, o deixa rolar e ver o que dá!
Não pude deixar de dar por mim a sorrir e a pensar que muitas vezes o principal problema de uma relação é começar assim mesmo. Quando nós tentamos ser o que não somos!
Verdade que somos aquilo que vamos vivendo, sofrendo, rindo, amando. Somos como uma argila nas mãos de uma criança que vai moldando conforme vai evoluindo em moldes diferentes, mas no fundo sempre parecidos entre si! Mas se pensarmos bem, nunca deixamos de ser a argila com que ela começou. Apenas mudamos de forma.
Hoje em dia as pessoas têm medo de mais de ficar sozinhas, (a solidão é a verdadeira doença do Séc. XXI) e por isso mudam a sua essência para se adaptarem a algo que não sabem se será o que realmente querem e   precisam.
Tudo é vivido ao limite, na ânsia de resultar, de ser o tal, de ter companhia. Na vontade quase dúbia de não ser a que está sozinha, porque neste mundo em que vivemos infelizmente tudo é tido em consideração por uma comparação estúpida do vizinho.
Se estamos sozinhas, somos frias.
Se temos alguém, invejadas.
Se temos mais que um... enfim é melhor nem entrar por aí!
Montamos a máscara de manhã, farda imposta de uma sociedade onde cada vez mais a diferença é tida não como algo bom mas como algo a ser evitado.
Não somos ilhas, esse é um facto assumido por todos os que estudam as relações humanas, mas ligarmos uma ponte entre duas almas apenas porque necessitamos de uma companhia não é só errado, é estúpido, porque no rescaldo sofre duas pessoas e todas as outras que acabam por se envolver com o novo par.
Ser capaz de olhar ao espelho e ver o que somos, quem somos e na realidade o que queremos não será meio caminho andando para encontrar quem nos complemente?
E se não encontrarmos não será mais fácil relacionarmos-nos com quem nos atenue os momentos de solidão  que nos assolam nas piores alturas?
Teremos mesmo que mudar a nossa mentalidade? Começar a pensar à "homem" para ser feliz?
Questiono-me e indago-me onde estará o bug na mentalidade de quem me rodeia, quando necessitam de ser o que não são para viver o que não sabem ao certo que querem tudo para puderem mostrar o que na realidade não têm?
Alguém me consegue responder?
Namasté!

16 comentários:

Eolo disse...

Percebo e não percebo o que está aqui escrito.

Toda a gente, e eu digo toda a gente no início cria um upgrade si mesmo para agradar, atenuamos os defeitos (mesmo quando os publicitamos, porque são apenas psicologia invertida para que achem que é fachada ou exagero) e enaltecemos qualidades, até um bocado de gloss serve para chamarmos a atenção para a boca.

E eu percebo quando essa pessoa dizia pensar à homem, as mulheres são constantemente bombardeadas de pressões em serem audazes e sexualmente predatórias, serem Samanthas (provavelmente uma pioneira para um novo tipo de femme fatale do final de milénio) versus quererem ter alguém para construir uma vida em comum.

Estar sozinho sucks, e aqui não digo que mais vale mal acompanhado do que sozinho, mas é um facto que estar sozinho sucks, especialmente quando chegamos a uma idade em que todos os que nos rodeiam têm projectos de vida que envolvem relações e és sempre a rodinha do triciclo.

Concordo em teoria com a maioria do que escreves, mas na prática poucas são as pessoas que conseguem fazê-lo mais que não seja porque desde os contos de fada, às séries, aos filmes, aos livros. Tudo nos condiciona para sermos feliz sempre a dois e nunca a um.

Anónimo disse...

À conta de muitas cabeçadas na parede aprendi que, quando dizem a felicidade está dentro de ti, têm razão. Para mim tu tens de estar feliz com a tua vida, com o teu trabalho, os teus tempos livres, a tua casa... o que seja, tens de estar feliz e a viver a tua vida...só nessa altura estás preparada para levares essa felicidade para uma relação.... ainda luto por isto, mas a verdade é que para mim isto faz todo o sentido, a tua felicidade não pode depender de outra pessoa... quando a modificar quem somos, para agradar a alguém (a quem quer que seja) é um logro... e tal como dizes só vai acabar por magoar as duas pessoas envolvidas.. porque a dada altura a outra pessoa vai conhecer quem é a outra.....
também não percebo porque as pessoas recorrem a isto para agradar a outras...mas a verdade é que acontece mais do que imaginamos!
beijinhos grandes e bem vinda de volta :)
OlgaM

JP disse...

Olá Utena,
olá cusca....:)Chegaste e cheia de força!
Não, a sério, pensar como homem nem sei que te diga, mas quem tem uma capacidade regenerativa acima da média não devia preocupar-se com isso. E ser o que não é para viver o que não sabe ao certo, lembra-me uma frase de Lincoln "É melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é tolo, do que falar e acabar com a dúvida."
É que caso contrário arriscam-se mesmo a mostrar o que na realidade não têm!

Beijinho

AC disse...

Eu vivo como acho que sou feliz.Sem me prender, mas sem estar completamente sozinha. Gosto de companhia, gosto que me acompanhem num passeio, numa viagem, num jantar... mas para isso não preciso de estar refém de alguém.

Provavelmente vou ficar sozinha na velhice, sem uma família que me apoie e sem um companheiro, mas pago os meus impostos por isso a misericórdia que me ature e ponha-me num Velhão!

Anónimo disse...

Tanto acredito que existem mulheres que têm de pensar "à homem" para iniciarem relações hoje em dia, como existem imensos homens que têm de pensar "à mulher" para iniciarem essas mesmas relações, aliás esta é a forma que tradicionalmente sempre tudo se fez > o homem é que ter que tomar a iniciativa > o homem é que tem de pedir em namoro > o homem é que tem de fazer surpresas > o homem é que tem de mostrar a toda a hora que a ama, etc etc e à mulher pouco ou nada se exigia, pelo menos nesta fase do relacionamento o que era ótimo para elas (não é por acaso que muitas mulheres são umas desiludidas com o modernismo) mas hoje que felizmente as coisas mudaram. Hoje as responsabilidades no início dos relacionamentos são de ambos.

Eu sou contra os estereótipos, especialmente nesta questão, mas o estereótipo vigente ainda é o ter de "pensar à mulher" para iniciar uma relação, o que na minha ótica é errado, pois se eles não se sentiram eles próprios ao agirem dessa maneira, um dia que a máscara caia e que os rituais antigos a que foram ensinados deixem de fazer sentido, a coisa invariavelmente termina mal.

Creio que todas as pessoas devem deixar a área de conforto pelo menos uma vez na vida e agirem de uma forma diferente. Eu da minha parte já me fartei de "pensar à mulher" a fim de conquistar x ou y, agora ajo de forma híbrida, sou mais eu e se as coisas demoram mais tempo a se proporcionarem devido a esta atitude também é certo que menos vezes me desiludo e a outra pessoa saberá com o que conta. Sem truques de imagem nem sob orientação de rituais ultrapassados.
Beijos

Anónimo disse...

Este teu post tb dava um post à Martini :)

Álvaro Lins disse...

Lamento não poder responder às tuas dúvidas:)!
Mas tenho para mim que apenas precisamos de ser seres humanos e nós próprios!
Bjo

Paula disse...

Eolo,

Tu conheces-me bem. Posso ser sarcástica, fria e até cínica mas nunca fui irreal ou me envolvi em falsas verdades ou cor-de-rosas mentiras. De que adiante quereres vestir a pela da Samantha se na realidade és a Charlotte?
Cada vez mais se mostra o que não se é! Não digo para abrir o livro no primeiro encontro mas pelo menos não façam uma sinopse que nada tem a ver com ele.
E sim estar sozinho é mau mas também tanta coisa o é!
Vamos perder a nossa identidade baseada em algo que nem sabemos o que é?

Paula disse...

Olga,

A isso se chama experiência, errar não é mau. Mau é persistir no erro e dar seguimento a algo que sabemos que não tem pernas para andar.
Porque se tem vamos seguir em frente e lutar sem estigmas ou rótulos.

Beijo e obrigada

Paula disse...

JP,

Quando se volta tem de ser voltar em pleno, ou pelo menos num quase pleno.
Eu entendo quando se diz pensar a homem o que me custa engolir é quando se o quer fazer à força sem se saber ser.

Beijos

Paula disse...

AC,

Qual velhão qual carapuça.
Ainda nos vão ver às duas no calçadão a beber uma bela caipirinha a contar peripécias da nossa solitária mas preenchida vida.

Beijo

Paula disse...

Martini,

Nunca fui de regras pré-estabelecidas não me revejo nelas e por isso não as sigo. Quando gosto mostro, se me apetece faço, se não quero não me fazem fazer fretes.
Não me vejo desiludida com o modernismo mas um pouco com os homens que deixaram de o saber ser.
Não existe mais aquele abraço forte que nos faz sentir bem no colo de quem se sente atracção. E sinceramente? Meninos da mamã ninguém merece...
Beijo

Paula disse...

Martini,

Já agora se é um post a Martini, sente-te à vontade para levar o tema para o teu cantinho

Paula disse...

Álvaro,

E isso hoje em dia é tão difícil de encontrar.

Beijo

Unknown disse...

Namasté,

Parece que todos nós temos sempre desses momentos... :)

Aloha!

Paula disse...

Fire,

Nem todos.
Aprendi nos meus anos de vida que no segundo que deixas de ser quem és deixas de controlar o que na realidade podes ser.