terça-feira, 9 de outubro de 2012

Efeito boomerang

Eu acredito no efeito retorno na vida, em karmas, em pagarmos em sucessivas vidas o que fazemos de mal, em expiar na roda os nossos erros. Acredito que vimos para esta vida com a cruz que escolhemos carregar, com o peso que queremos retirar da nossa alma e que muitas vezes temos mais olhos que barriga e acabamos por cometer os mesmos erros que nos amarram mais tempo a esse teia do destino.
Acredito que o que damos aos outros é o que recebemos seja ele sentimentos puros, negros ou cinzentos (manias de uma bruxinha ruiva como diria o meu querido amigo cruzado). Mas que tem de ser dado com a força da alma sem pensar no que receberemos em troca ou em retorno.
Já fui muito mais ferro e fogo, impetuosa no sentir que fez muitas vezes atingir com o mal das palavras alguém que apenas deveria ter de mim pena. Agora sou mais controlada com as palavras que têm a força de imprimir na tapeçaria das Moiras aquilo que não temos depois a capacidade de pagar. Aprendi a controlar os impulsos, a não lutar o que não é guerra minha e a compreender que os outros não são o que queremos mas sim o que escolheram ser.
Escolhas sempre farão parte da nossa vida com maior ou menor impacto nela. Mas são queiramos ou não uma realidade.
No feriado cheguei ligeiramente tarde à loja e a minha vizinha de centro, mais uma prova da lei de retorno, tinha sentada no seu sofá uma cliente que esperava por mim. Nós fazemos isso uma pela outra, guardamos a porta, ajudamos com os clientes vendemos as peças uma da outra. Ou porque um vestido meu é o ideal para o sapato dela ou porque as botas é mesmo o que estava a faltar naquelas calças. Com o mais puro dos sentimentos porque ficamos realmente feliz quando uma de nós vende.
A cliente era uma italiana cheia de vida nos seus 80 anos, queria uma túnica estampada que tínhamos na montra.
Entrou, perguntou se lhe ficava bem, desmanchamos a montra porque o número menor era o mais adequado, pagou, recebeu o troco e disse:
Olha dá para beber o café!
Para quem não sabe o café italiano é intragável e caríssimo, eu adoro de paixão a língua e mais ainda os idosos na sua maneira simples de ver a vida de quem já viu tudo o que havia para ver de bom e de mau e ouvi a minha mãe dizer:
Quer que lhe sirva um café?
Si! Per favori... (delicioso de se ouvir)
Tirei, coloquei o açúcar, sentei-a no sofá para que o bebesse.
Gostou, acho que mais do carinho que do café.
No fim perguntou:
Posso venire da dire ciao quando arriva al centro?
Claro que sim respondo, com um sorriso daqueles que não se limitam à boca mas que se estendem ao olhos.
Va bene. Respondeu!
Hoje passou por aqui eram 10 e pouco da manha no seu andar corrido, com os seus curtos cabelos brancos, trazia duas rosas vermelhas, uma  para mim e uma para a minha mãe, um beijo nos lábios e um sorriso no rosto.
Arrivederci! Buon lavoro.
Sabe tão bem!
Custa tão pouco!
Faz-me ainda acreditar que ainda há para a humanidade uma luz no fundo do túnel!
Namasté

30 comentários:

Doce Anaiis disse...

Não custa nada e sabe tão bem esses pequenos gestos...

Beijos Doces

Paula disse...

Doce Anais,

Verdade que sim!
Faz a vida valer a pena ser vivida

Beijos

Bruna disse...

Tão lindo! Faz-nos acreditar que o ser humano, ainda é humano com sentimentos e tudo ;)
Bjnhs

Paula disse...

Bruna,

E isso faz pensar que ainda existe esperança para a humanidade.

Beijos

JP disse...

E falas-me tu de sermões? Agora viraste budista, foi?

Ah, e o teu italiano está cada vez melhor, já não é como a outra língua da outra vez....

Va bene!

Ainda bem que assim são os vizinhos!

Beijo

Paula disse...

JP,

Olha budista não era capaz de ser.
Não sei mas não me vejo nesse patamar.
Eu adoro italiano, acho que é uma língua que canta na boca.
Vá entra e senta-te.
Que bebes?

Beijo

Teresa Santos disse...

O que dizer do teu belo texto?

Utena, a felicidade, essa coisa para muitos tão complicada, pode estar nas coisas mais simples.
Um café, um sorriso, um gesto genuinamente simpático, e o retorno.
E esse retorrno é uma felicidade duplicada: por quem retribui o gesto, por quem o recebe.
A vida, pode ser tão simples, mas tão simples!

Karma?
Ui, a isso não acho graça nenhuma. Quem me garante que não tenho que aturar tudo isto (leia-se: desgraça de vida) uma vez, duas, três vezes mais?

Utena Maria, não sejas má!

Beijinho.

Paula disse...

Teresa,

Dá-se pouco valor ao grande valor escondido nos pequenos gestos.
Quanto ao Karma? Existe lá coisa melhor que viver a beleza da vida infinitas vezes?
Onde esta o mau nisso?

Beijos

Pretty in Pink disse...

Aii coisa mais boa :) Também sou pessoa de fazer essas pequenas coisas...aliás acho que por vezes sou boa pessoa de mais..Vamos ver se compensa ;)

Beijinho*

Anónimo disse...

Minha querida, tu e a tua mae merecem essas atenções... como ja te disse, tu e a tua mãe vêem as pessoas..não olham através delas mas para elas.... e isso é tão importante! o carinho com que trataste a senhora voltou para voces num gesto tão bonito quanto é oferecer um flor! Ainda bem que ainda existem pessoas assim!
beijinhoss,
OlgaM

Paula disse...

Olga,

Sabe sempre bem quando se recebe e se dá estes pequenos miminhos.
Como os teus todos os dias.

Beijos

Anónimo disse...

Escrevi um comentário e não aparece?
Mesmo considerando a moderação de comentários...
:(

Anónimo disse...

Um sorriso

Tétis disse...

Olá Utena

Adorei este teu texto que duma forma tão simples e terna nos faz acreditar que afinal ainda vale a pena crer num mundo melhor.

Custa tão pouco e sabe tão bem presentear os outros com pequenas coisas, miminhos, palavras, às vezes apenas e só uma atenção, dispensar-lhes uns minutinhos do nosso tempo... Mesmo que não haja retorno, faz-nos bem, mesmo assim é gratificante.

Tal como tu acredito no "karma", em várias vidas, em que nada acontece por acaso...

Beijinhos

Anónimo disse...

Utena
Tens os chacras alinhados?

PS: a pergunta é séria e feita a sério.

Paula disse...

Observador,

O teu comentário não apareceu. Aqui ninguém é censurado =)

Beijinhos

Paula disse...

Skin n Under,

Um abraço

Paula disse...

Tétis,

É sempre bom sentir o que sentimos quando fazemos o bem e ele é sentido com prazer.

Beijinho

Paula disse...

Pretty,

Compensa sempre acredita.

Beijos

Paula disse...

Observador,

Tento sempre manter que estejam alinhados.
A meditação Kundali ajuda.

Beijo

Unknown disse...

Pelos vistos o meu comentário também não apareceu. E eu a pensar que foi por causa da minha posição de cruzado que te terá incomodado. Deixa para lá, também não vou estar agora a escrever o que escrevi. Basta-me dizer que eu concordo com o que diz a TERESA SANTOS sobre o Karma. :)

Paula disse...

Cruzado do meu coração,

Então eu ia censurar comentários teus depois de te ter referido no texto?
Eu sei que não acreditas em karma, mas olha que ele acredita em ti =)
Comeu-te o comentário.

Beijos

Catarina disse...

A vida é feita de pequenas coisas não é verdade? E como diz uma frase que a AC tem no seu blogue, as melhores coisas não são coisas. Porque neste caso vai além das rosas que são o exprimir do gesto de carinho.

Tenho a certeza que foram muito bem merecidas :)

Beijinho

Paula disse...

Poppy,

Sim a vida é mesmo o acumular de pequenas coisas que nos fazem ser melhores...ou não!

Beijo e obrigada

Unknown disse...

A língua italiana, em termos pessoais, é das línguas mais sensuais de serem escutadas, e aliadas a belos gestos,perfeito.

Paula disse...

Bem vindo Tomás,

Sim a língua italiana é linda sem dúvida e não me canso de a ouvir

Coisas de Feltro disse...

Que querida!! Pessoas assim até dão gosto. Com certeza foi (é) uma senhora rodeada de amor. Para saber-lo entregar assim. Beijinhos

Paula disse...

Coisas,

Sem dúvida só quem ama sabe dar amor assim sem esperar nada.

Beijo

Unknown disse...

Depende. Acredito que cada qual tem o que merece, o que nada tem a ver com o facto de termos supostamente de pagar por algo que nós nem sequer sabemos que fizemos numa suposta vida anterior. Eu tenho a ver com os meus pais e até com os caprichos da genética, e não com o que alguém que eu terei inconscientemente sido fez com que eu fosse, caso contrário a minha relação com os meus pais seria uma perfeita casualidade, o que é uma completa estupidez.

Os budistas tibetanos da seita mahayana também acreditam no Karma, tanto assim é que nem podem matar os bichos e são forçosamente vegetarianos... :P

Beijinhos, sua bruxinha.

Paula disse...

Fire,

Tu sabes que temos crenças diferentes!
Mas isso não significa que não te adore meu cruzado!
Apaga já essa fogueira antes que vá ligar a mangueira!

Beijos