segunda-feira, 29 de abril de 2013

Quando os pensamentos soltos formam frases...

A vida é um campo de batalha, um monstruoso campo que independentemente do cenário que o rodeia é sangrento, imponente e brutal.
Eu imagino-a como um belo tabuleiro de xadrez, branco e preto da mais fina mármore, jogado numa bela sala cor de damasco, iluminada por milhares de velas onde as forças antagónicas que nos regem se degladiam na mais bela forma de luta. A mental.
Prefiro imaginar assim do que à imaginar como um campo manchado a vermelho onde vidas se perdem de uma forma estúpida e bruta.
A verdade é que independentemente dos arabescos que possam servir de enfeite vidas mudam, porque se resolve de manhã ir pela direita ao invés de seguir pela esquerda.
Na realidade no bonito jogo que é a vida somos todos maioritariamente peões, envoltos na saborosa mentira de sermos importantes na vitória, mas exclusivamente peões que avançam na frente, sorridentes achando-nos donos da própria realidade, mas sendo na realidade escudos de meia dúzia de peças do imponente xadrez.
No meio deles, existem alguns que desistem saindo da peça central antes do fechar da cortina, outros que se mantém estoicamente fortes, firmes no seu papel de escudo. E os poucos, os que batem na mesa, que mudam de campo achando que assim chegaram a Reis do xadrez.
Ilusões barbaramente apagadas quando se apercebem que o preço a pagar raramente compensa o valor da alma.
Os que se recusam a ser engolidos, lutam arduamente, somam derrotas, lambem as feridas e avançam campo a dentro armados de certezas que não tem.
Cansaço, eis o que sinto. Cansaço de lutar, de me debater por um mundo em mudança que não quer ver e não deseja sentir.
Estou na fase de lamber as minhas feridas... de selar os buracos.
E mesmo nos raros momentos de refugio glorioso que me mostra que a vida é um aprendizado que a morte não interrompe apenas age como um breve intervalo, sinto que sou engolida pela vontade de desistir.
A verdade é mesmo essa... mas a realidade é que a guerreira que habita em mim não o permite.
Independentemente da verdade gritante, do cansaço desolador é que vou colocar as armas outra vez e seguir a luta, embora o faça de uma forma mais intimista ao invés do alarido da distância. Sempre gostei muito mais da sensação de proximidade.
O resultado seja num ou noutro dos casos será invariavelmente sempre o mesmo, as vidas irão mudar porque numa manhã decidimos seguir pela direita e não pela esquerda.
O que me incomoda é saber que isso cada vez me causa menos mossa... que o facto de saber que a batalha do dia passou e eu fui nada ou pouco atingida é o que me alivia e não o deveria ser.
Mas dizem que todos temos instintos de assassinos... e embora seja muitas vezes envolto no belo laço que não o é, mas sim o instinto de sobrevivência apenas espero que não acabe por matar aquilo que sou.
Namasté

8 comentários:

ino disse...

Posso?
Temos instintos de sobrevivência, por certo. Não foi à toa que nos tornámos a espécie dominante do planeta. E um tigre é um animal aparentemente melhor equipado para sobreviver que nós. No entanto, fomos dominando os tigres, e toda a outra bicharada. Por causa do tal nosso instinto. O caçador antigo não tinha remorsos quando matava o tigre. Acostumava-se. Essa é a natureza humana. Por muito que nos custe aceitar, tudo isso ainda por cá está. Escondidinho, mas está.

Um tema que acho interessante :)

Good night for U. :)

JP disse...

Nem podes deixar matar o teu ADN...mesmo a vida sendo uma batalha que por vezes se joga num tabuleiro de xadrez.

Bonito Utena. Gostei muito.

Beijinho

Anónimo disse...

A vida é isso mesmo uma luta diária, ditada em muito pelas escolhas que se fazem... se vamos pela direita ou pela esquerda.. também é feita com uma pitada de sorte, coisa que para estes lados nao tem abundado... estou nessa fase de "lamber" as feridas ao mesmo tempo que peço para mais nenhuma bomba me cair em cima... disseste-me que ainda tenho forças.. será que tenho? só peço umas tréguas para me recompor, só isso...
quanto a ti... vai tudo ficar bem, és uma guerreira com o maior coração do mundo, mereces ficar bem e vais ficar bem!! Eu sei que vais!
OlgaM

AC disse...

Não deixes que o dia a dia mate o que és, a enorme guerreira que vive me ti. Costumo dizer que deixo que me tirem tudo, só não deixo que me tirem os sonhos. Sem eles não sou eu.

Beijinho enorme, cheio de força.

Paula disse...

Ino,

Podes e deves.
A verdade é que o humano não sobrevive conquista pela destruição. Achando-se dono do mundo destrói o que o faz viver.

Beijo

Paula disse...

JP,

Obrigada.
As vezes saem-me assim umas coisas

Beijo

Paula disse...

Olga,

Tu sabes que não sou de desistir ou de baixar os braços.
Nem sou de ajudar alguém a desistir só que as vezes o cansaço é grande demais.

Beijo minha irma

Paula disse...

AC,

Deixar não deixo!
Conseguir... bem isso as vezes é complicado.

Beijo Guerreira