segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Simplicidades

Tenho prazer nas coisas simples e banais da vida... não sou alguém com a mania das grandezas... aliás eu peço pouco e preciso de pouco para estar de bem comigo e com a vida.
Aborrece-me as coisas demasiado elaboradas... a complexidade da vida distingue-se para mim nos meandros dos rococós que as pessoas têm por tendência de arranjar para a vida delas.
Não conheço ninguém, ou melhor conheço muito pouco, quem se sinta feliz com a simplicidade… senão vejamos:
“ Se uma mãe tem um filho doutor, a outra tem por ventura que dizer que o dele é engenheiro… nunca ouço alguém dizer que tem um filho sapateiro… que é uma profissão complexa na sua forma simples de ser vista! Se por outro lado a mãe se queixa que o filho é um sacana ou preguiçoso a outra queixa-se dos defeitos que o filho possa ter de forma a ser pior que o outro…”
Vivemos constantemente numa competitividade mesquinha que não traz nada de bom nem de benéfico a nossa vida a não ser cansaço, tristeza… e no fundo complexidade.
Hoje de manha acordei, meio entorpecida depois de ter dormido parte da noite com o meu cão aos meus pés…acordei com ele a ser colocado no meu braço e a acomodar-se a ele e pensei… as coisas mais simples tem a capacidade de nos arrancar sorrisos que nem contamos… e entre mimos trocados com ele, e com os outros dois que nunca ficam fora da festa… entre gargalhadas minhas e o ladrar deles… pensei em algo que adoro e que a muito que não pensava… em orvalho!
Adoro as gotas que ficam depois de uma noite húmida… gotas puras, luminosas… tão encantadoramente simples e perfeitas.
Quando era pequena imaginava que as fadas se banhavam nessas gotas e costumava ficar horas a olhar para elas a imaginar os pequenos seres de luz a brincarem entre os caules das folhas enquanto rompiam por entre as águas simétricas que se criavam durante a noite.
Depois mais crescida e com base nas historias da minha avó, que as feiticeiras boas recolhiam as gotas para fazer poções mágicas, que curavam os doentes e traziam felicidade a quem as procurava, comecei a recolher as mesmas das uvas que cresciam nas vinhas do meu avô para as colocar, na palma da minha mão e refrescar os lábios com a suavidade da água que as compunha.
Fantasias de criança, que ainda hoje me deixam com um sorriso meio idiota nos lábios… Fantasias simples, sem ter no meio, a complexidade que hoje em dia é necessária para entreter um infante.
No fundo e hoje mais velha… gosto de observar nas primeiras luzes da manha… a cor dos raios que se infiltram por entre as gotas de orvalho… as lágrimas da noite… e ver com prazer renovado que não são as fadas que se banham, nem as feiticeiras que as recolhem… mas sim os pássaros que as bebem e que nelas se refrescam…
É a natureza é simples… Tão complexamente simples que não posso deixar de me interrogar onde fomos nós humanos buscar a nossa triste e complexa forma de viver.
No fundo sei que vou sempre ter as gotas de orvalho… essas pequenas simples e perfeitas manifestações da natureza… esses perfeitos momentos na minha vida… tão simples que me arrancam gargalhadas sinceras que me preenchem a alma e acalmam o espírito

8 comentários:

Gi disse...

Estou feita...cada vez te vais desiludir mais comigo!
Tenho prazer nas coisas simples da vida mas isso não significa que preciso de pouco,o pouco às vezes é muito e o muito às vezes é pouco!Ao contrário de ti,que me pareces uma pessoa estável,eu sou a instabilidade em pessoa!Durante o dia passo por todos os estados anímicos existentes à face da terra;às vezes estou bem e,de repente,fico mal disposta.Aparentemente não aconteceu nada,pensam as pessoas,mas na minha cabeça passa-se muita coisa...Penso muito...Demasiado!
Eu gosto de coisas simples e de pessoas simples,porque também o sou na minha essência...Mas não é qualquer pessoa que vê isso!
Sou e sei que sou complexa e extravagante,mas também sou simples...tipo gosto de tremoços,sardinhas nem por isso!
Para vestir sou uma excêntrica (sem ter ganho o euro milhões),porque é como me sinto bem e,para mim,isso é o normal!Para mim é inconcebível a ideia de andar de calças de ganga com uma camisola,sinto-me mal,toda a gente olha para mim,isso,aos meus olhos,é uma anormalidade!
Gosto do exacerbo,do exagero,do excesso...Mas no aspecto exterior,porque creio que,no interior, tenho a alma e o coração simples!
Também sou rococó na maneira de vestir,acho eu...Mas com muito estilo!Ah pois...
Creio que a minha complexidade reside em coisas sem importância,porque,nas coisas que interessam,sou simples mas não simplória...
E gosto do que tu gostas e o que tu gostas também me alimenta a alma e o espírito e me deixam saciada...
Beijinhos sofisticadamente simples*

Paula disse...

Ora bem isto foi um complemento extenso... gosto da simplicidade complexa do que escreves... mesmo as frases singelas são complexas... E eu não sou assim tão estável... sou controladamente descontrolada.
No fundo gosto do simples no complexo... do que vale a pena verdadeiramente.
Beijos simplesmente meus

Gi disse...

Que comentário simplesmente maravilhoso!

M. disse...

A simplicidade não é nada simples de atingir. Simplicidae não é simplório. Complexo não é complicado....

Mas depois do complemento da Rosinha...lo...fico-me por aqui.

Mega disse...

Estou cheio de sorte tive direito a dois posts pelo preço de um.
Mas complemento.
A complexidade ou a simplicidade teem que ser vistas para alem das aparencias o que pode parecer uma coisa pode ser outra.
A base é o verdadeiro conhecimento.
Beijos

Paula disse...

Rosinha nós somos assim....

Paula disse...

M os teus complementos fazem sempre falta e ajustam muitas coisas...
:)

Paula disse...

Mega, as pessoas ainda não se aperceberam que complexo é saber ser simples.
Beijos