quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

E não é que estava com a razão?

Ultimamente dou por mim em estados bastante reflectivos, acredito que a melhor forma de descrever como tem sido o meu estado de espírito, é comparar à fase final de uma novela onde 90% dos capítulos são lembranças do que já passou meses antes... com a nitidez que seria de esperar para um filme e não para a memória da vida real.
No entanto, não sei se é defeito ou virtude, sempre tive uma memoria o mais precisa de tudo, pelo que as minhas lembranças podem focar-se em pormenores, sejam eles cores, vozes ou cheiros dependo do que a fez despoletar na altura.
E a verdade é que ultimamente tudo a faz activar como se de uma armadilha se trata-se, preparada para caçar um incauto animal nas malhas sombrias da madrugada...
Não pensem que não gosto de memórias, gosto... nada são mais que lembranças da nossa vida importantes o suficiente para ficarem gravadas... marcantes o suficiente para terem responsabilidade no desenvolvimento da nossa personalidade.
Uma das memórias que mais vezes me tem aflorado a mente... e não será propriamente uma, mas antes uma frase que foi e é diversas vezes usada pela minha mãe:
"Daqui a uns anos, não ages ou falas assim!"
Confesso que na altura o que me passava pela cabeça era “pois sim esta bem!”, mas com excepção de algumas partes do meu feitio que não mudaram apenas aprimoraram como a resposta na ponta da língua, e embora consiga ser mais assertiva e mais dura quando falo, confesso que ela tinha razão.
Há alturas que dou por mim a pensar que nem me conheço, ou então a famosa frase “se fosse a uns anos/meses atrás já me tinha saltado a tampa e tinha sido o 31”, mas a verdade é que a medida que vamos
evoluindo, que vamos “crescendo” há certas coisas que deixam de ter suma importância, que são básicas, mínimas… pequenas! Ou isso ou então passamos a dar mais importância a nós mesmos, ao que nós queremos… ao que temos vontade… ao que nos faz sentir bem e passamos literalmente e mandar “pastar” o que os outros acham, como agem ou o que pensam.
Pelo menos isso passa-se comigo, e mesmo quando a Utena de antigamente salta cá para fora, com a força bruta que a caracteriza e manda tudo pró c@ralho, ou resolve os problemas que não são dela, mas que já não tem paciência para os ver pendentes, mesmo nessa altura, a forma como o faz está mais polida… mais refinada se assim se puderá chamar…
Saber envelhecer é de facto uma virtude, a mim não me assustam as rugas, os cabelos brancos, não sei se é porque ainda não os tenho ou não… mas não me assustam… passamos tanto tempo a desejar ter e depois passamos o resto da nossa existência a tentar esconder quando aparecem…
Não a mim assusta-me não saber evoluir… aprimorar… envelhecer bem, usar as experiencias que me são facultadas gratuitamente por quem já por elas passou e molda-las da melhor forma que se adaptem a mim…
E no fim disto tudo quando chegar ao fim…do caminho… assusta-me olhar para trás e ver que não valeu a pena.
Já me esgotei em demasia com o que não vale a pena… agora só me resta auto educar-me de forma a ver o que me faz bem e afastar o que mal me faz.
No fundo fazer como dizia Péricles:

 "O que você deixa para trás não é o que é gravado em monumentos de pedra, mas o que é tecido nas vidas de outros”

6 comentários:

M. disse...

Isso não é envelhecer: é crescer!

Muito diferente:)

Paula disse...

M.
Infelizmente as vezes confude-se as duas e sente-se receio do que não se conhece...
No fundo evoluir sempre...

Sofia disse...

Olá linda, eu acho que morremos no sentido figurativo quando deixarmos de crescer, de aprender, de saborear a vida!
Beijinhos,
Sofia

Paula disse...

Olá Sofia,

Concordo contigo em tudo... aprendizagem continua sempre só assim crescemos e evoluimos...
Beijinhos

Gi disse...

Adoro cabelos brancos e tudo o que eles significam...Dizes que não tens...Muito te enganas,eles estão todos nos textos que escreves!Tens já uma sabedoria de vida invulgar para a tua idade,muita maturidade...Até tenho vergonha,mas olha eu e o meu jeitoso falamos muito sobre ti,é engraçado...Chegamos à conclusão que os 'doisjuntos' não temos metade da tua maturidade,mas sabemos que se precisarmos tu emprestas um pouco da tua...Beijinhos*

Paula disse...

A experiencia da vida faz-nos adquirir muitas vezes a força aquilo que de outra maneira não davamos valor.
Tu e o teu jeitoso são muito e maturidade não vos falta.... são expontaneos e especiais e isso é quase tudo.
Mas se quiserem a minha não empresto... dou. Com carinho.
Beijinhos a sorrir-te