sexta-feira, 15 de abril de 2011

Se arrependimento...

Se arrependimento mata-se por esta altura da minha vida já estava enterrada bem fundo gozando umas merecidas férias entre o céu e o inferno da nossa pós existência.
A verdade é que como em todos os processos de crescimento passei por fases menos boas… dei comigo muitas vezes em becos sem saída. Tive conhecidos que julguei amigos e amigos que por terem sido por mim mal julgados se tornaram conhecidos.
Errei muito… aprendi mais. Mas mais que isso aprendi a não me arrepender de nada. Ou pelo menos a não deixar que o arrependimento me destrua por dentro… me consuma!
Sentimento mesquinho o “arrependimento” e para além disso com a capacidade de ser polivalente o que origina que se nos deixarmos comandar por ele façamos o que fizermos ele sai sempre a ganhar.
Se não vejamos:
·         Se não fazemos arrependemo-nos… se fizermos também;
·         Se não falarmos arrependemo-nos… se falarmos também;
·         Se não vamos arrependendo-nos… se vamos também;
Belo pau de dois bicos hã?
Melhor que qualquer sentimento que nos desgaste, que nos sugue até à alma, e acreditem já passei pela minha quota-parte deles, foi aprender que existem etapas na nossa vida que não pudemos saltar, que fazem parte dela como uma equação matemática que sabemos o total mas que temos de demonstrar todos os passos pois se não o fizermos no fim o professor pode deduzir duas coisas ou que copiamos ou que não sabemos o desdobramento da mesma… o que origina com toda a certeza o desconto na nota do final do período.
E eu quero passar o meu período… a minha vida com 20 valores e com a certeza que fiz tudo, vivi tudo e aprendi tudo o que de bom, mau e assim a assim haverá para aprender.
Voltando ao sentimento de arrependimento e a sua sufocante capacidade de nos fazer duvidar até daquilo que temos 100% certeza… hoje em dia posso dizer que não existe nada que me arrependa… nada do que fiz… nada do que não fiz… nada do que haveria a fazer. E a verdade? Vivo feliz comigo assim! Continuo dura na queda, continuo difícil de conviver… continuo eu com tudo o que de isso possa advir… eu com os meus defeitos e virtudes mas que quem segue comigo esta caminhada que é vida sabe que é 100% real… 100% fiel a si mesma.
Devo a minha mudança de atitude a um cliente que tive nas minhas paragens laborais pela “LM” (antigo trabalho que foi para mim um oásis de reconhecimento comigo e com quem amo de coração), um indiano que costumava parar por lá em busca de um pouco de conversa… de atenção! De troca de ideias sem segundas, terceiras ou quartas intenções.
Um dia olhou-me nos olhos (tarefa difícil acreditem) e disse-me:
“Na vida tudo o que colhemos dela é porque sabíamos que deveria ter sido plantado naquela altura! Arrependermo-nos de não ter plantado arroz porque agora estamos a apanhar milho só nos faz cegar para o facto de que com ele podemos sempre fazer uma óptima broa… ou podemos partilhar uma noite de verão com amigos enquanto o grelhamos na fogueira! Não te arrependas de nada que faças… nem nada deixes de fazer que aches que devas para não te arrependeres depois. Vimos diamantes brutos para a nossa caminhada e é os nossos passos que o fazem lapidar de forma a libertar o brilho que trazem. Deixa sair o brilho que vejo em ti e que tanto trabalho tens a esconder!”
Não consigo deixar de sorrir, de me emocionar e até de me arrepiar sempre que dele me lembro e lembro muitas vezes… sempre que me sinto fraquejar, porque a vida é mesmo assim com fraquezas com vitórias, com momentos em que nos sentimos super-heróis e noutros que nos sentimos miseráveis ratos.
Aprendi a ter a capacidade de saber que o não está sempre garantido em tudo e que é a nossa capacidade de avançar destemido na vida, sem passar por cima de ninguém, sem enganos, sem truques que nos faz transforma-lo em sim!
E se mantiver o não mantenho a capacidade de sorrir e dizer pelo menos tentei e nada tenho a arrepender-me disso!
Acreditem que vos diga que em 80% o não transformou-se em sim! E o prazer de o conquistar é de uma força tal que nos faz únicos… especiais! Simplesmente humanos na essência certa da palavra.
Vivam a vida com a vontade de a viver como se não houvesse amanha.
Amem mas amem com o coração e a alma, riam mas antes de qualquer coisa saibam rir de si mesmos… estendam a mão mesmo que a outra pessoa a tenha fechado para vocês!
Ouçam sempre mantendo no espírito a capacidade de se colocarem no lugar do outro… e se não perceberem perguntem… explicam e esclareçam equívocos.
Mas mais que isso vivam para que o arrependimento não exista e para isso vivam com a intensidade única de levar a vida com a certeza de se ser feliz!

6 comentários:

Teresa Santos disse...

Utena,
Sabes que achei este teu post "estranho"?
É que a "imagem" que tenho de ti é da mulher forte, a mulher que sabe muito bem o que quer e para onde vai, a mulher que NUNCA se arrepende do que faz, do que não faz, a mulher determinada onde o arrependimento não cabe.
Imaginei-te uma super mulher? Talvez!
Mas és humana. Esqueci-me desse pequenissimo pormenor!
Viver a vida como se não houvesse amanhã. Ouvir o outro sendo capaz de inverter lugares? Sim, esse é um dos grandes segredos de bem viver a vida.
Acredito que a verticalidade de carácter que deixas transparecer te traga alguns dissabores.
É dificil olhar-te nos olhos? Queres dizer porquê?
Digo-te qual a causa da minha curiosidade.
Tenho uma dificuldade enorme em falar com alguém se esse alguém não olha de frente, se não enfrenta o meu olhar.
Olhos nos olhos, é assim que a conversa flui de forma natural, franca.
Timidez? Não, não pode ser!
Pudor? Não é lógico!
O que é, então?
Desculpa o tamanho do comentário.
Ia lançada...
Beijinho.

Anónimo disse...

O que importa é não nos arrependermos e para isso basta uma luta constante para sermos felizes... ;)

Ana disse...

Pois eu cá, já me arrependi de algumas coisas... Mas não vivo com esse arrependimento.
Considero que arrependermo-nos é importante, porque percebemos que erramos. E ao perceber que erramos, podemos: tentar corrigir o erro falando, dando a cara, expondo o coração(independentemente do resultado final); ou ficarmos no alto da nossa (pretensa) superioridade e dizer alto e bom som: caguei!.Podemos também "vitimizarmo-nos" e recorrermos ao "estou tão arrependida das merdas que fiz e das decisões que tomei." e ficar aí, arrependidada para o resto da vida. Eu cá prefiro, a 1ª, porque me permite andar para a frente e não ficar azeda ou amargurada. E porque me permite CRESCER. E na minha opinião, só aprendemos com os mossos erros, doutra forma, não nos damos à vida e nem permitimos que ela se dê a nós.
Claro que tudo isto não se aplica, se formos seres iluminados e perfeitos. :D
Beijos mil.

Paula disse...

Teresa,

Nada tens de pedir desculpa pelo tamanho dos teus comentários que são sempre um complemento bem-vindo.
Sim é verdade que nunca me arrependo de nada, mas para chegar a esse patamar passei por outros que me tornaram mais humana. Acho que o meu segredo será esse mesmo sou humana pura e dura na essência da palavra.
Erro e não coloco a culpa nos outros...
Dissabores tenho bastantes como diria alguém que conheço o que não te mata torna-te mais forte =)
Quanto a olhar-me nos olhos sim é difícil e conheço poucas pessoas que o consigam fazer ou pelo menos manter por muito tempo o olhar no meu... diz uma amiga que a força do meu olhar tem a capacidade de ler a alma.
Se é por isso não sei… sei que quando olho tento ver o que está por trás da beleza da cama mas eu sempre gostei de ler as entrelinhas.
Beijinhos

Paula disse...

Sonhadora,

O ideal é não deixar de fazer nada para evitar arrependimentos =)
A felicidade é um direito mas como todos os direito deve ser conquistada.

Paula disse...

Ana,
Arrependimentos todos temos, o facto de não me arrepender de nada significa que não me deixo agarrar por esse sentimento mesquinho.
Além disso conheces-me bem, sabes que os seres iluminados e perfeitos a mim cansam-me e enervam-me gosto de quem erra de quem grita de quem tem de lutar todos os dias para se manter na luz e não cair nas trevas mas isso são outros quinhentos.
Beijinhos =)