sexta-feira, 15 de julho de 2011

O último adeus


Os dias que me recordo com mais intensidade são os que passei contigo do meu lado… os dias loucos… as noites intensas!
Lembro-me como se fosse hoje o dia que nos encontramos… em que nos conhecemos! Tu com o teu ar de betinho enjoado a suar as estopinhas no bar da praia e eu com o meu livro sobre “teorias místicas e outras tretas” como lhe chamaste… odiei o teu ar snobe naquele dia… Criei em mim o desejo infiltrado e irracional de te odiar de morte… mal sabia eu que iria ter que te ver todos os dias da semana no escritório que trabalhávamos…
Não sei quando foi que passei a ansiar pelas nossas discussões…juro que não sei… mas a verdade é que o ódio virou admiração… e o amor invadiu o meu coração como o encher da maré ao fim de um dia de calor.
Passei a olhar para ti e a ver quem eras por debaixo das camisolas “Lacoste” que tanto gostavas de gabar… vi alguém especial que adora a vida… que ama o poder de conseguir alcançar as coisas com força de vontade e luta!
O primeiro beijo foi como descreviam os romances de 5ª categoria… senti as pernas a tremer… e garanto que ouvi fogos de artifício nos meus ouvidos (e não foi apenas porque era passagem de ano) …
Tornamo-nos mais que namorados ou amantes… criamos uma cumplicidade que casais com 50 anos de casados não tem… éramos inseparáveis e completos na total anarquia da nossa relação!
Sinto saudades tuas… tantas! Nem tu imaginas o que sinto ainda! O que sempre senti! Sei que a culpa é minha… sei que te perdi no dia que neguei usar o anel que me trouxeste na caixa de veludo embrulhada apenas num sorriso!
Desculpa! Céus como me arrependo de não te ter sabido explicar o que se passava comigo naquela altura.
Teimoso tão teimoso o meu betinho de nariz empinado que não conseguiu ver que o senti naquele momento foi o mais terrível medo que sente quem não se sabe entregar…
Meu… tenho de parar de te ver como meu… acabou os rumos mudaram e as nossas vidas seguem como ruas paralelas que podendo ter os mesmos percursos nunca mais se iram cruzar!
Sonhei com o reencontro como idiota que sou… mas não consegui encontrar em mim força para ir ter contigo e pedir-te para não me deixares… meu amor… meu amante!
Saber por ti que tinhas encontrado outro alguém que te iria acompanhar dia após dia… noite após noite deixou em mim um buraco no peito que ainda não entendi como não pode estar em carne viva…
Vieste tu mesmo dizer-me isso e na altura que o ouvi foi como se o meu mundo tivesse sofrido a apocalipse destruidora que se lê e se ouve em todos os livros bíblicos amontoados por ai em livrarias e bibliotecas.
Irónica esta vida que apenas nos dá um vislumbre do que poderíamos ter e nos arranca das mãos á mínima falha que cometemos…
Despedimo-nos no bar que nos conhecemos… a tua voz rouca nos meus ouvidos dizendo-me que achavas que serias feliz com ela… o meu rosto a tentar mostrar o sorriso que os meus olhos te negaram… a minha mente recusando-se a aceitar que o definitivo daquele dia fatídico tinha vindo e que eu nada fizera para evitar…
A tua boca na minha… o teu sabor invadindo cada fibra do meu ser… o meu corpo gritando não vás… por favor meu amor não me deixes… a minha boca seca murmurando… por favor sê feliz!
Não resisti a não vir ver com os meus próprios os olhos o que supostamente é o dia mais feliz da tua vida…
E chove hoje… não dizem meu amor que boda molhada é boda abençoada?
Que a tua seja… minha vida…
Aproximo-me do carro que te levará e a ela, cujo nome recusei saber quando me contaste e deixo-te aquilo que foi sempre o símbolo do nosso amor… uma rosa vermelha!
Não me leves a mal ter vindo penso enquanto a deixo no capo do carro… e não me odeies… não iria suportar que me odiasses…
Lembra-te apenas de mim e sabe que te amei como nunca amarei mas ninguém na minha vida…
Apenas tive medo de me entregar e de me dar na totalidade a ti…
Afasto-me por entre a chuva… corpo curvado pela dor que sinto tão fisicamente que poderiam ter-me cortado uma parte do meu ser… sinto quase que perdi a alma…
E no momento que saio do teu campo de visão… tu chegas ao carro e pegas na rosa que te deixei…
A chuva… as minhas lágrimas… e as tuas em uníssono.
Adeus meu amor!




PS:
Isto foi o que senti esta manha quando ouvi-a no repeat esta música!
Não resisti a colocar no “papel” embora o tivesse feito sempre com a garganta apertada!
O amor é de facto o maior mas também o mais cruel dos sentimentos… mas sinto tanta falta dele agora… céus como sinto!

16 comentários:

Anónimo disse...

Lágrimas... depois de ler o teu texto.... não imaginas a força das tuas palavras e ao que elas remetem... a sentimentos tão fortes que me arracaram lágrimas... a lembrança de um amor recente... a falta de ar, e a dor intensa quando me apercebi que era mesmo o fim daquela relação... que não o ia ter mais comigo. Hoje digo-te a ti minha amiga que tenho mais saudades dele do que deveria, do que gostaria...
Mas a dor faz parte da vida, temos de saber lidar com ela e levantar a cabeça armadas e prontas para mais uma batalha! =)
Beijos,
OlgaM

Paula disse...

Olga,

O amor é mesmo assim... lembranças... entrega e dor...
Vamos a batalha... sempre!

Beijos

Anónimo disse...

Se a vida fosse fácil, a malta não lutava, se fossemos perfeitos saberíamos sempre tudo.

Honestamente, adoro ser torto na linha direita da vida, adoro fazer o errado sabendo que é errado, adoro levar aquela discussão mais longe, mesmo sabendo que não ganho nada com ela.

Já vi aquele amor, aquele que talvez fosse o resto da minha vida, seguir a vida, e eu fiquei a modos que parado no tempo, estou parado naquela discussão feia em que cada um seguiu o seu caminho, ainda hoje, passados uma dúzia de anos, me pergunto se terei feito bem, se terei feito mal, não sou perfeito, não amo por amar, vivo por viver, mas quando voltar a amar, vou amar como nunca amei ninguém, porque no fundo, nunca amei alguém, apenas amei o meu primeiro amor, e único ate hoje, e existem mais amores, que o primeiro amor. Amo-te Vida, deixa-me viver-te intensamente até ao dia que conhecer o meu maior a amor, e lhe possa dizer em jeito de sussurro que a amo muito, nesse dia serei eu um homem entre biliões, mas serei aquele, que dia Amo-te, meu amor...

Paula disse...

Anónimo (que não é desconhecido)

Amar é dos sentimentos mais duros e crueis que existe... porque quem ama verdadeiramente não prende... não impõe!
Mas é também o mais assustador porque requer saltar sem rede e poucos são quem o faz...
Por isso ama... sem medo ou reserva... sem ses ou porques... sem esperar ser amado de volta e não deixes nunca mais a felicidade escapar por entre os dedos como se de fina areia se tratasse...
Porque conhecendo o pouco que te conheço sei que tens a capacidade de fazer uma mulher feliz.
=)
Beijo

Eva Gonçalves disse...

Ainda estou a chorar sabias? Comigo passou-se precisamente o inverso...eu é que pedi para partilharmos o resto das nossas vidas e ele é que não quis... tive de vir embora porque não conseguia continuar como estava, precisava de mais... acabei sem nada... e passados anos, continuo a amá-lo... Se o amas, sei que és capaz de ficar feliz por ele ter encontrado alguém que queria o mesmo que ele. É verdade, que perdemos oportunidades na vida, mas com elas aprendemos mais sobre nós e crescemos sabes. E com o tempo, não esquecerás... mas a dor, ficará melhor de suportar, acredita. Um grande beijinho

Paula disse...

Eva,

Minha querida não te queria desencadear recordações tristes e dolorosas... Mais não deves ter lido o PS mas o texto não é sobre mim é sobre o que eu senti ao ler a música e ao imaginar-me naquela situação...
Obrigada a sério... por o teres sentido com essa intensidade!
Beijinhos grandes

Álvaro Lins disse...

Utena perimite-me dizer que o adeus não existe:)!
Bjo

Paula disse...

Álvaro,

Permite-me dizer apenas que embora não exista as vezes é o mais nobre sentimento que possuimos... deixar a nossa ausencia permitir que os outros sejam felizes

Beijos

CF disse...

Minha amiga
o teu texto fez-me chorar...por ti, por todos os que têm receio de arriscar por amor...
É triste pensar que afinal já se arrisca tanto só por viver e que o amor só nos traz algum sabor adocicado que devemos provar sem temor!!! E como dizes, apenas uma falha fez perder tudo o resto...mas tb te direi, minha amiga, quem sabe se esse alguém que te fará feliz está algures tb à tua espera??? Talvez ainda não tenha sido este...talvez alguém que tb um dia não teve a força para se entregar, te encontre em breve e percebam que finalmente querem APENAS VIVER!
Eu sou uma incorrigível romântica e fico pensando que as coisas não acontecem por acaso. será???!!!
Bjs

Paula disse...

CF,

Obrigada pela passagem e por dividires o texto comigo... fico contente quando os meus textos mexem assim com as pessoas.
Mas mais uma vez digo o texto não é sobre mim... tem um ps a alertar para isso.
Já amei intensamente mas nunca passei pelo que passa a personagem do meu texto.

Beijinho grande

CF disse...

Amiga peço desculpa pelo lapso...não vi o PS. as lágrimas toldaram-me a vista...lololol
mantenho tudo o que disse e as questões que formulei...podem ser transpostas.
bjs amiga

Paula disse...

CF,

Sim podem e sim entendi bem o que querias dizer.

Beijinho Grande

Anabela Prates disse...

Adorei o texto fiquei com a gargante presa na emoção contida.

A protagonista foi muito corajosa por deixá-lo saber ir na hora certa, isso também é amar o outro e acima de tudo a nós próprios.

Um beijo Utena

Mary disse...

Como te compreendo.

Paula disse...

Clara,

Obrigada por o sentires foi como estava quando o escrevi.
E existem protagonistas assim na vida real que amam tanto que deixam partir

Beijo

Paula disse...

Mary,

Sei que sim conterrânea... um beijo grande sabes onde me encontrares sempre que precisares