sábado, 8 de outubro de 2011

Admite Utena... estás a ficar velha

Até aceito que estas minhas incapacidades para ter paciência para certas coisas tenham a ver com a idade… porque inevitavelmente certas coisas que ou nos passavam ao lado ou que até achávamos uma certa piada, têm tendência á medida que o incorrupto tempo por nós passa, a deixar-nos a rolar os olhos ou mesmo a soprar com alguma força enquanto mordemos a língua para não sair algum veneno inconscientemente, (ou sejamos sinceros de uma forma bastante consciente).
Hoje então foi um dia fértil no que diz respeito a esses meus… chamemos “ódios de estimação”
Uma das coisas que não entendo é essa mania dos adultos tratarem as crianças como autênticos atrasadinhos.
Sabem como é?
Aquela mania horrível de tratar os mais novos (e não é exclusivo aos bebés de colo) com os “inhos” no final ou então para falarem com eles faz sempre uma história sem pés nem cabeça onde se as crianças não saem mais confusas saem no mínimo com a ideia formada que estão a lidar com parvos.
É natural que muitos nem queiram ser adultos, já que a quantidade de vezes que a frase “quando fores mais velhinho vais entender” é dita chega a tornar-se irreal.
As crianças são muito inteligentes e verdade seja dita desde de tenra idade desenvolvem coisas importantes para a sua vida adulta, como responsabilidade, carácter e personalidade. E o que eu sinto hoje em dia quando vejo o comportamento de muitos, causado em grande parte por quem lida com eles de perto, faz-me pensar nos adultos que se irão tornar.
Situações como por exemplo:
-Pedirem um bolo e rejeitarem ao fim da primeira dentada… pedirem algo e fazerem birra porque não lhes é dado… ou mesmo levantarem a mão aos pais fazem-me ferver e ver depois como a situação é resolvida deixam-me a bradar aos céus.
Se lhes for explicado convenientemente como seres pensantes que são que tal coisa não é para se fazer… ou porque não se pode estar a gastar dinheiro levianamente ou mesmo dando-lhes uma palmada na altura certa de certeza que vai fazer com que em adultos sejam pessoas mais ponderadas e menos inconstantes.
Eu por exemplo desde de tenra idade que tinha uma mesada… nada de especial mas uma forma de eu ter o meu próprio dinheiro que fazia com que fosse regrada nos meus gastos para que não chegasse ao fim do dia de receber a mesada e já não a ter. Hoje dou muito valor ao custo de cada cêntimo e sei bem como o gerir para chegar ao fim do mês sem estar “descalça”.
Sim eu sei… os dias são outros… o custo de vida diferente e quanto mais se poupa menos se têm mas ainda me continua a fazer confusão ver a estrada cheia no inicio do mês de carros e campo aberto no fim. E como bichos de hábitos que somos, vamos ser honestos algo está mal em quem nos impôs as primeiras formas de agir.
Outra é esta mania que os jovens têm de usar numa frase palavras em inglês, eu sou a primeira a usar muitas vezes estrangeirismos… como o BTW ou o WTF ou mesmo o LOL mas são usados em frases onde de facto faz nem que seja um sentido mínimo ser usado.
Agora usar como hoje ouvi em algo do género:
“Sim estou a falar a sério… no i’m not drunk (não estou bêbado) ela disse isso… yes i now (sim eu sei) ela é completamente marada da cabeça” não só é estranho torna-se ridículo.
E para alguém que como eu ama a sua língua de paixão chega a ser ofensivo… no meu tempo (e digam lá se não é mania de idade) quem dava erros ortográficos a português via a nota descer substancialmente… e nem adiantava reclamar… e se usasse diminutivos poderia até ter de repetir o exame… hoje chegam ás universidades sem saber escrever… mais grave? Conheço professores que os dão… onde está o exemplo?
Sou muito pouco tolerante em certas coisas e nesta dos erros então a minha tolerância é praticamente nula.
A mania de hoje em dias os pais serem amigos (que devem ser atenção) e não pais ou os professores serem fixes e terem os alunos como amigos no facebook então faz-me uma comichão tremenda.
Professor é professor, tal como os pais são pais… são a autoridade na vida de um jovem e certas linhas não podem nem devem ser atravessadas.
Alguma vez era necessário repetirem-me as coisas 500 vezes para eu as fazer? Nem que eu não concorda-se com elas… fazia e ponto.
Podia depois argumentar… contra-argumentar… expor o meu ponto de vista fervorosamente mas apenas depois de o ter feito. E em muitos casos até tinha razão… mas não a perdia em fitas ou amuos … ou bater de pé!
E isso acompanhou-me para a idade adulta. Não concordava com os meus chefes, falava antes, mostrava que estavam errados. Ouço os pontos de vista e exponho os meus… E se mesmo assim me é dito para fazer… faço!
Tão simples como isso! Lá está certas linhas não se atravessam…
E o respeito ganha-se assim… o por nós mesmos e pelos outros. Sem ser preciso como se vê agora os filhos e os pais tratarem-se por você (que me deixa na hora do caraças)
E na minha vida nunca fui conduzida pelo medo de algo, sempre pelo respeito… que tinha e que ganhei de todos com quem me cruzei.
E se isso não existir numa relação então para mim nem vale a pena manter.
Namasté!

14 comentários:

Eva Gonçalves disse...

Subscrevo na íntegra! :))Muito bem dito! Nunca tive (mesmo!!) problemas desses com os meus filhos que sempre responsabilizei pelos seus actos, nem qualquer birra que ultrapassasse o primeiro não... e tens razão, vejo todos os dias maus exemplos...olha por exemplo, duas educadoras de infância de esperam pelas crianças no café que frequento e falam tantos mas tantos palavrões entre si e com as crianças que se eu fosse mãe de uma das crianças, tirava-a logo do ATL... fico abismada!!

Luísa Lopes disse...

Deixa lá, estou velha contigo.
Hoje em dia tudo traumatiza as criancinhas....
Só à estalada!

CF disse...

A tolerância relativa a alguns aspectos (como a estupidez) vai progressivamente sendo diminuta! Acho que com o avançar da idade faz-nos querer agarrar o tempo pensar estar a deixá-lo escapar com palermices é algo que tb a mim deixa muito frustrada! :)
Agora minha querida se tu és "velha" eu sou um dinossauro!!! lol
Bjs
Algumas coisas neste texto eu não concordo plenamente, mas um dia falamos pessoalmente...assim explico-me melhor e terei mais tempo para uma boa conversa...lol

Cacarol disse...

Fazes-me lembrar alguém que eu conheço...

Teresa Santos disse...

Utena,

Sei que isto que vou dizer é um lugar comum, mas o que descreves é o resultado de uma total ausência de valores, de respeito, quer pelos pais, quer pelos professores, quer pelo todo que é a Sociedade.
A minha mãe, era eu bem pequena, ensinou-me um principio básico: não é não, ponto final.
Podia pedir-lhe o que quer que fosse, (contestar? Nem pensar!), que o não dela era para respeitar. E este respeito foi extensível a todo o meu relacionamento ao longo da vida.
O respeito pelo outro, foi e é, um princípio que nunca esqueço.

Acreditas que tenho pena destes miúdos?

Há tempos dei apoio a um estagiário que trabalhou comigo. Certo dia fomos tomar um café e a conversa "descambou" para esta problemática.
Sabes o que me disse? Que tinha uma imensa ternura pelo avô, dado ter sido ele que lhe tinha mostrado o valor da vida, o valor do dinheiro, a necessidade e pertinência que havia em fazer poupanças.
Como exemplo contou-lhe que quando era jovem, se queria comprar um maço de tabaco tinha que poupar durante uma, ou duas semanas, até juntar a quantia necessária.
Isto, para aquele jovem, foi um espanto, mas também uma enorme descoberta.
É assim que se aprende, mas...
Os pais de hoje saberão ensinar?!

Beijinho.

Paula disse...

Eva,

Muito está errado... em parte porque se tirou autoridade a quem a devia ter com o medo de traumatizar as crianças...
Enfim se algo não muda rápido não sei como vai ser.

Beijinho

Paula disse...

Luísa,

Nós éramos mais ingénuas... mas crescemos a conhecer os limites.

Beijinho

Paula disse...

CF,

Estou desejosa desse café =)

Beijo

Paula disse...

Cacarol,

Faço?
Quem?

Paula disse...

Teresa,

Os pais de hoje viram a vida facilitada... somos filhos dos "hippes" e muitas vezes confunde-se liberdade com falta de respeito.

E as crianças traumatizam com uma palmada então é melhor "analisa-la" e entupi-la muitas vezes de medicamentos ou então ignorar que a temos em casa.

Assusta? Mas é a realidade
Beijinhos

Anónimo disse...

Concordo contigo.
Vivemos uma ausencia de valores e principios perante os pais, perante a sociedade. Como já disse anteriormente está na altura de voltarmos a educar as nossas crianças. No meu tempo, respeitávamos os nossos nossos pais, os nossos professores,as pessoas mais velhas, hoje em dia não se respeita ninguém, salvo raras excepções. Talvez esta seja a altura de reverter a situação, agora que muitas crianças poderam deixar de ter tudo de mão beijada.
Quando ouvia um não era um não, não havia birras e nem pensar em levantar a mão fosse para quem fosse.
Espero que ainda se vá a tempo. Será?
Beijos grandes.
OlgaM

Paula disse...

Olga,

As crianças são moldáveis e tempo temos sempre... vontade isso é que já é outra história.

Beijinhos

Anónimo disse...

Atenção à gramática... Se diz que
não tem tolerância aos erros e ama assim tanto o seu idioma, deveria respeitar com mais frequência as regras gramaticais

1º - concorda-se
2º - concordasse

(no caso a 2ª hipótese)

quando fala no tempo passado, referindo-se à primeira pessoa do singular do pretérito imperfeito do modo subjuntivo do verbo concordar.

Peço desculpa, mas sou observador e estes erros saltam-me à vista.

Bem haja

Paula disse...

Anónimo/a,

Obrigada pela visita antes de mais e pela a alerta.
As vezes mesmo verificando existem coisas que passam.
Não as vou a alterar porque os meus textos são intuitivos.

Volte sempre