quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Certas coisas transcendem-me

Ok eu admito que tenho sim o coração perto da boca e que por esse motivo já tive muitos e valentes dissabores. Se aprendi alguma coisa com eles? Pouco... Mas a verdade é que embora tenha resposta rápida e pronta nunca as minhas tiradas são feitas sem antes terem sido pensadas e bem pensadas.
O giro que comecei a notar quando iniciei esta minha aventura “bloguistica” foi que comecei a prestar muito mais atenção ao mundo que me rodeia e as conversas que circulam a minha volta.
Para quem não tem por norma seguir estas andanças pode deduzir que se trata de um agravar da minha costela cusca (que nunca tive na realidade), mas para quem faz desta aventura algo recorrente não deixa de concordar comigo que adquirimos uma veia jornalistica que se insere em nós de uma forma tal que acaba por se tornar mais forte do que qualquer tentativa de fechar os ouvidos á vida alheia.
Ora hoje estava eu aqui no meu cliente onde me entrego semanalmente aos prazeres das contas e dos papeis quando os meus ouvidos captaram uma conversa surreal de algo que terá acontecido ontem no jantar de Natal aqui do pessoal.
Eu tenho um ódio de estimação aos jantares de Natal de empresa, primeiro porque nos são literalmente impostos embora embrulhados em capas de ser voluntário, depois porque não passa de umas horas próprias para “cortar na casaca” dos colegas.
Ora na roupa... ora na forma de comer... ora na maneira como se comporta.
E depois envolve inevitavelmente excessos por alguns e origina situações embaraçosas que duram pelo menos um mês até serem esquecidas.
Como dizia aqui uma das moças:
“A fulana é amorosa mas não tem gracinha nenhuma!”
A sério? Digam lá se não é uma forma amorosa de se dizer mal de alguém? E mais ainda a pessoa tem de ser profissional e competente onde raio está no contracto que também tem de ser comediante na noite do sádico jantar?
E depois vai tudo comer a borla, mas têm sempre que criticar a comida no dia seguinte... que era pouca... que estava insossa... que não era como estão habituadas a comer.
Não é suposto ser uma noite de convívio? È mesmo limitada a encher a mula?
Mas pior que isso foi o facto do patrão ter saído mais cedo de uma forma abrupta... verdade que o tipo é um osso duro de roer, e nós até já tivemos os nossos “arranca rabos” alguns de tal maneira maus que nunca pensei que iam atrás de mim aquando a minha saída da empresa e me pedissem para continuar, mas só aí prova que é uma pessoa que dá valor a certas qualidades (como a capacidade de trabalho) que poucos sabem complementar.
Mas é uma pessoa muito pouco amada por aqui... ora e como saiu de forma abrupta e sem se despedir (deixando apenas o cartão com o sócio para pagar) foi motivo hoje para ser criticado abaixo de cão:
Ø  Que estava mal disposto,
Ø  Que tinha sido uma falta de respeito,
Ø  Que não se admitia.
Ora esquecemos o facto de ter o pai doente e com cancro... que esteve internado e saiu a pouco tempo... nem passar pela cabeça destas almas que poderia ter tido um telefonema urgente a solicitar a sua presença.
Esquecemos também o facto de ser o patrão e não ter de dar satisfações a ninguém sobre as suas atitudes... Mas a mania de patrão-empregado serem amigos é algo que me transcende. E depois origina estas tiradas idiotas que até me fazem alergia.
Pior que tudo isso é que uma delas sabia o motivo (o pai infelizmente está pior) e apenas ter dito isso depois do homem ter sido enxovalhado á força toda.
E pensava eu incrédula quando ouvi a tirada:
“O pai teve de vir de urgência para Lisboa por isso saiu mais cedo”
Que as outras almas se iriam redimir... yeah right! Isso e o príncipe encantado está ali na esquina... nem por sombras.
Ficaram impávidas e serenas apenas com um pois então é normal mas... e temos sempre o fatídico mas...
“Quando a minha avó morreu ele apenas chegou ao enterro já ele estava a acabar por isso também não quero saber. Tenho pena mas olha...”
WTF????
O homem tem o pai no hospital... se não tem 500 olhos nestas “senhoras” perde dinheiro em cada negócio, tem o cuidado de nunca lhes faltar com o salário porque são divorciadas com filhos ( e deviam ser elas a zelar pelo emprego mas estão-se literalmente a cagar) e elas contraponhem com falhas dele que para mim nem falha é?
É obrigação do patrão ir ao enterro da avó da funcionária? Aonde?
As mentalidades estão do avesso literalmente... deveres e obrigações que é isso?
E com tiradas destas onde quem tem de dar satisfações é o dono da empresa... só podem mesmo dar para o torto.
Pior que isso é tentarem influenciar-me a mim  a falar mal de alguém que lá por não o querer como amigo respeito-o como profissional...
No fim  apenas consegui responder com o meu ar mais natural possível:
“A sério meninas têm que me dizer o que andam a tomar... porque eu estou mesmo a precisar de ter o cérebro leve como me parece que vocês tem o vosso!”
Tradução:
“ Se fossem minhas funcionárias já tinham levado um belo de um valente pontapé nesse traseiro!”
Namasté

18 comentários:

Nokas disse...

Oh gente difícil de aturar...

Paula disse...

Nokas,

A minha sorte é que passo pouco tempo com elas...

Anónimo disse...

Gostei imenso!
Isso é que é espírito natalício que essas senhoras têm: Happy Christmas! lol
Muito bem retratado e representado no teu texto o que se passa em dezenas de empresas. Pelo menos onde estive antes (e tu bem conheces) não havia jantar de natal, nem presentes nem subsídios nem nada. Claro que todos em determinado momento dizemos mal dos patrões, mas não quando têm problemas de saúde na família… isso nunca o fiz… antes de ser patrão é pai, filho, irmão, marido de alguém… e sim,não percebo porque o patrão tem de ser amigo dos empregados, isso nunca se viu em lado nenhum e é esse tipo de pensamento que dá asneira.
Enfim, muita pachorra para ouvir tantos disparates calada, hein? que bem comportadinha, tu :)
Beijinhos e boa sorte para mais uma tarde de chorrilho de asneiras por parte dessas alminhas que por aí pairam :)
OlgaM

Paula disse...

Olga,

Verdade que eventualmente todas dizemos mal do patrão e de algumas colegas... faz parte da nossa natureza, mas passar limites não é só mau como péssimo.
Ainda para mais sabendo elas que se passa algo de grave.
E sim ando bem controlada até estou orgulhosa de mim mesma e para complementar isso até lhes vou perguntar se me fazem companhia no almoço.

Beijinhos

Marília Domingos disse...

Eu acho que existe muita gente que pensa que só tem direitos mas não tem deveres. Fiquei boquiaberta com o comentário sobre o funeral... Por amor de Deus. Lá está, me myself and i. Os outros não interessam, o mundo gira a minha volta. E eu não teria dito melhor: não há cu que aguente. Por amor de Deus.

Paula disse...

Ana,

As pessoas não mudam e quando mudam é sempre infelizmente para pior.
O mundo está estragado...

Beijinho

Quita disse...

Esta imagem me dá um nervoso...

Paula disse...

Quita,

Bem-vinda antes de mais.
Então porque?

Unknown disse...

Será que é por serem mulheres? Ou também tens aí homens que são assim? :P

Paula disse...

Fire,

Já apanhei alguns homens bastante alcoviteiros. Mas verdade seja dita que são mais raros.
Infelizmente as mulheres são muito piores nestes casos

Unknown disse...

Olá Utena. Somos todos diferentes. A experiência que tenho, de onde trabalhei, é a de gentes com comentários mais comedidos. Nunca desse calibre... De qualquer modo, há patrões que mantêm tal distância que tornam os comentários inúteis... Comentários desse género apontam para um patrão com caráter voluntarioso, que tendo ido a um funeral, agora tem de ir a todos... se calhar ao velório... A Sociedade é a imagem daqueles que a compõem. Aqueles que trabalham nessa empresa estão mal habituados. E têm pouca educação.

MC disse...

Olha, Namasté também para ti... que enquanto as pessoas não perceberem bem onde estão e qual é o papel de cada um neste Universo, vamos ter muitas cenas dessas!

*

Paula disse...

António,

Mas incomoda-me estas pessoas mesquinhas e sem boa índole.
Enfim é o que de mais temos

Paula disse...

Miguel,

E infelizmente quando as boas pessoas nada fazem pioramos ainda mais-

Beijinho

M. disse...

E isso tudo com o espírito do Natal...Imagina que fosse um jantar de Páscoa...

:(

Paula disse...

M.

Se fosse Páscoa ainda o patrão servia de cordeiro.
Enfim

Teresa Santos disse...

Utena,

O comportamento que descreves não me espanta nada, mesmo nada!
Há principios que as pessoas perderam (ou nunca tiveram) e, isto a vários níveis.

Uma das coisas que me irrita sobremaneira, é os funcionários, leia-se empregados, pensarem só nos seus direitos, nunca SEUS nos deveres.

Infelizmente para todos nós, esta visão do mundo do trabalho vai mudar, e da forma mais dura, mais dramática.

Sabes? Há ainda outros factores que contribuem para o comportamento dessa lástima de gente: falta de respeito, uma desumanização absoluta e uma profundissima estupidez.

Beijinho.

Paula disse...

Teresa,

Certas mentalidades são assim mesquinhas e pequenas.

Triste ver como para elas não tem mal nenhum.

Fico deveras assustada

Beijinho