sábado, 7 de janeiro de 2012

Quando dizer obrigada é o que basta para seguir...


Parou o carro, no seu lugar favorito onde podia ficar horas parada em frente ao mar, enquanto ouvia música ou ficava entregue ao silêncio.
O dia estava cinzento, chovia uma chuva certa e pesada que deixa quem nela se aventura molhada em menos de um piscar de olhos… mas ela gostava desses dias assim… quase que se podia imaginar que o mundo era um local vazio e só nosso.
Suspirou forçando um sorriso pegou no seu guarda-chuva vermelho e saiu… caminhou em silencio pela areia molhada e firme… do exterior apenas ouvia o tamborilar certo da chuva e o ranger arrepiante de cada passo dado na areia…mesmo junto ao mar descalçou as suas botas, soltou o guarda-chuva e entrou no mar. E assim ficou, alheia ao mundo sentindo o toque salgado do mar misturado com o doce das lágrimas da chuva.
Fechou os olhos sentindo o picar das lágrimas que teimavam em não cair, baixinho disse:
“Desta vez vais ter mesmo que me ouvir… sem interrupções… sem lamentos. Apenas ouvir tudo o que tenho para te dizer.
Obrigada! Obrigada pelas noites que passamos abraçados sem falar… pelos debates acalorados que trocamos quando não nos entendíamos… que era quase sempre lembras-te?
Obrigada pelos raptos no meio da tarde para o meio da serra…. Apenas nós e a cesta de piquenique… obrigada pelas lembranças porque sim, pelas flores “roubadas” dos jardins. Pelos abraços quando estava mais irritada… pelos silêncios quando a vida me corria mal.
Obrigada pelos beijos ternos que me faziam sentir amada e pelos que me deixavam ser a mulher que sempre soubeste que era.
E pelas noites de amor que duravam até ao dia raiar.
Obrigada por me compreenderes mesmo quando não o compreendias, por nunca me criticares…por sempre me entenderes.
Mas mais que tudo obrigada por me fazeres melhor mulher que era quando te conheci!
Sempre tiveste a mania de sair de cena a meio da festa, e desta vez não foi diferente… saíste ainda nem a festa tinha começado… caprichosa a vida que nos leva aqueles que mais precisamos. Mas tu foste sem mágoa, sem pedir mais uns minutos para a última dança e deixaste-me a mim no meio de salão sem par… sem chão… sem ar.
Não me deixaste dizer adeus… não me deixaste dizer o que quanto importante eras para mim… saíste como entraste na minha vida sem alarido e de mansinho e deixaste-me no peito o mais negro dos sentimentos… a solidão.
Tenho saudades da tua gargalhada… a tua voz persegue-me nas noites que não durmo, mas sei que para seguir tenho de te deixar partir…
Ganhou ela! Não apenas a batalha mas também a guerra… mas sabes qual é a minha vitória? Saber que também a mim me vai ter de vir buscar… e entregar-me novamente a ti!
A morte é ciumenta… mas eu sou paciente!
Adeus meu amor… obrigada pelas horas…pelos minutos… pelos segundos que me deste!
A tua memória fica em mim… mas a minha vida segue!”
Saiu do mar com a alma limpa e o coração sossegado… e suavemente como se estivesse também entre dois mundos voltou a realidade.
Primeiro conto do ano…
Espero que gostem!
Namasté

12 comentários:

Anónimo disse...

Dizer "obrigado" é a melhor atitude positiva que podes ter :)
Obrigado pelo que tenho, obrigado pela tua amizade, obrigado por mais um conto tão bonito... enfim obrigado!! Que venham mais!
Eu gostei muito :)
Beijinhos
OlgaM

Paula disse...

Olga,

Aqui o agradecimento é reciproco...
Obrigada por leres, por comentares e pelas loucuras que passamos juntas... e pelas que ainda vamos passar.

Beijinhos

M. disse...

Nem te conto como gostei:)

Obrigada:)

Paula disse...

M.

Não me contes basta mostrares.

Obrigada eu

Nokas disse...

Obrigada por nos presenteares com palavras fantásticas :)

Paula disse...

Nokas,

obrigada pelas leres... por partilhares comigo

Mega disse...

Como sempre as palavras certas para expressar o sentimento.
Com muito do pensar com muito de ti.
Sem ser um relato nas entrelnhas talvez o seja.
Mas melhor do que és já vai ser bem dificil.
Logicamente que gostei.
Beijo agradecido

Teresa Santos disse...

Cada vez tenho mais a certeza que és uma Mulher completa.

A Mulher que se enraivece.
A Mulher que luta pelas suas convicções, que se zanga, que não tolera o intolerável.

A Mulher doce, terna.
A Mulher que sabe amar,
que sabe dar e receber,
que sabe partilhar,
que sabe usufruir o que a vida tem de bom...
Que sabe...

Não te agradeço.
Mas felicito-te, mas peço mais.

Se gostei?
Há questões sem resposta, porque óbvias.

Beijinho.

Pretty in Pink disse...

Gostei mesmo muito! Conto muito sábio na minha opinião!

Beijinho*

Paula disse...

Teresa,

Assim fico convencida e...não queremos isso =)
São apenas coisas que o meu imaginário tira cá para fora....

Fico feliz por gostares.

Beijinho

Paula disse...

Mega,

Feliz por te ler minha luzinha...

Um beijo e tu sabes certo?

Paula disse...

Pretty,

Obrigada.
Conto que sabemos ser difícil de seguir na realidade

Beijinho