quinta-feira, 19 de julho de 2012

Guardaram as armas, calaram-se as vontades!


Dou por mim repetidas vezes a pensar que algo tem de estar mal neste mundo, não sei porque talvez seja a idade que me faz olhar para o que me rodeia de uma forma diferente mas a verdade é que algo não assenta bem hoje em dia.
As pessoas estão amorfas, derrotadas. Com aquele ar que me irrita solenemente de aceitação total de tudo como se nada se pudesse fazer para mudar as coisas.
Vivemos por ciclos entre o bum da vitória e o pum da derrota e no meio dou por mim a encarar com o “deixa lá” do conformismo bacoco de se saber que não estando as coisas nas nossas mãos o melhor é não nos chatearmos com nada e deixarmos andar, vivendo no limiar do que não se pode ter, sonhando com o que se teve, desistindo do que se deveria conseguir.
As desgraças encaram-se com o sentimento de aceitação, as vitórias com descrença e as faltas de vergonha na cara com ironia. E mesmo essa ironia é uma ironia salobre, fraca e tímida que nos faz esfoçar pequenos esgares de sorriso que mais parecem uma contração muscular mal controlada.
Com a idade fui-me cansando das lutas, dos meus ataques intempestivos que muitos aprendem a conhecer e poucos foram corajosos o suficiente para os aguentar, hoje adquiri um lado mais sarcasticamente “cabreiro”, eu sei que o sarcasmo é um dom que se vai adquirindo com a idade, com os pontapés no cú que vamos levando, mas sinceramente será possível que em tão pouco tempo as pessoas passaram de lutadoras a massa uniforme de cobardes?
O que eu vejo são carneiros, bem comportados e fofos carneiros que se deixam seguir obedientemente para o matadouro. Por medo, por cansaço, por conformismo, pelo que for mas mesmo assim carneirinhos que se lamentam mas que nada fazem para mudar o destino.
Destino! Uma palavra tão tipicamente Portuguesa como saudade.
Tenho tantas saudades de quando existia quem mandava o pré-definido destino bardamerda e o agarrava com as mãos e eram tantos que o faziam. Onde andam?
Que é feito dos lutadores de causas justas que iam a luta sem temer as facadas nas costas, os acidentes de percurso?
Medo! Esta deveria ser a palavra mais portuguesa por agora.
Medo de perder o emprego e por isso se aceita barbaridades que se dizem e se fazem sem ripostar, sem se defender!
Medo de não ter dinheiro para sobreviver e por isso se mantém uma vida nula e triste. Cinzenta, desprovida de cor.
Medo de estar sozinho/a e por isso aceita uma relação que não leva a nada, nem evolui em nada, apenas porque sim.
Cultamente, incultos que sentem a necessidade de acreditam em tudo o que ouvem desde de que lhes traga a ilusão de uma luz ao fundo do túnel mesmo que essa luz seja o sinal luminoso da queda de um precipício.
È preciso que voltem os princípios, as lutas pelo que se acha certo. Nem que no fim tudo arda, vidas se percam, ilusões se acabem.
Questiono-me no entanto se o maior receio não será mesmo esse?
O medo que a ilusão acabe mesmo que seja uma ilusão medíocre de um controle que não existe de uma vida que já não vale a pena ser vivida.
Namasté

16 comentários:

Karina sem acento disse...

Clap, clap, clap! Plenamente de acordo! Conformar-me... nunca! Sim, eu tenho medo de que as coisas corram mal... mas tenho ainda mais medo de olhar para trás daqui uns anos e pensar que não aproveitei, não arrisquei, não fiz nada. E cada caso, é um caso, mas irrita-me solenemente essa atitude conformista, tão típica por estas bandas.

Paula disse...

Karina,

Obrigada =)
Sim sem dúvida que o olhar para trás e ver que deixamos de fazer as coisas por medo é o pior das recordações de um passado pouco vivido.

Anónimo disse...

Eu tinha medo de arriscar por vezes perder sensações e emoções. AGora arrisco tudo sem medo de viver nem de ser vivido
Beijos

Paula disse...

Meu querido Charmoso,

Na vida o não temos como garantido, as vezes quando dá-mos aquele passo para o desconhecido tudo faz sentido.
É aí que a vida começa a ser vivida.

Beijo

Dreamcatcher disse...

..às vezes temos vidas dentro de outras vidas...e todas elas já morreram...e nem conta demos!


beijo


ps: essa imagem faz-me sorrir...boas lembranças!

Paula disse...

Dreamcatcher,

Perdemos-nos no limbo salobro do dia a dia e nem nos apercebemos que perdemos controle da nossa própria vida.
Ainda bem que te fez sorrir as memórias sabem sempre bem.

Beijo

Anónimo disse...

Por vezes o conformismo surge sem nos apercebermos... mas devemos sempre lutar contra ele... nunca baixar os braços.. mesmo quando pensamos que não temos alternativa, temos de lutar sempre... lutar pela nossa felicidade.. porque só vivemos uma vez... por isso temos de viver, lutar, lutar por nós, pela felicidade.. é porque sabes: a vida vale mesmo a pena ser vivida...adoro-te minha mana e desejo-te toda toda toda a felicidade do mundooooooooooooooooooooooooooooo!
beijinhos muito grandes,
OlgaM

AC disse...

Eu uma lutadora também dou por mim conformada e a desistir de lutar, a resignar-me com certas coisas e a não fazer nada para as modificar. Acho que andamos todos um pouco desiludidos e sobretudo muito cansados e desgastados... queremos mesmo é sopas e descanso, que não nos aborreçam e não nos incomodem. Guerras?? Essas são para os outros....

Anónimo disse...

Desconhecia esse teu lado "trotskista" algures entre o Kitsch cabreiro e a Place Vendome.
Mas a menina já não tem idade (penso eu) para tais incursões ideologicas, apesar de que a epoca do verão ser propicia e criar sempre grandes revoltas nas redes sociais!!!!
Ao ler este "Manifesto Anti-Medo", parece que mergulhei num documentário panfletario tipo "Mai 68".
Achas possivel ou ainda acreditas na mudança????...bom vou até ali à costa da caparica tomar um banhinho e comer um coissant.
Mas que o medo anda por aí, lá isso anda e és capaz de até ter razão.

Mulheres cheguem-se à frente "Soyez realistes demandez l'Impossible "

Logos e Praxis

Moi disse...

Nem sempre conseguimos alcançar tudo o que desejamos, mas caminhamos sempre. Eu caio, mas levantarei novamente, e novamente...







Beijo em ti
Namasté

Paula disse...

Olga,

Sim verdade que muitas vezes temos momentos de exaustão que nos impede de seguir em frente, mas não podemos desistir nem conformarmos-nos com o que supostamente não pode ser mudado.

Beijos

Paula disse...

AC,

Tu não!
Tu minha guerreira e lutadora não podes desistir do que te faz feliz.
Dá tempo, recupera, pega nas armas e segue em frente.

Paula disse...

Logos et Praxis,

Já cá faltava o teu sarcasmo inteligente que me irrita tantas vezes.
Ideologias não tem idade meu caro senhor (acredito que devo chamar-te assim pela tua acho eu), luto pelo que acredito mesmo acompanhada por um croissant na Caparica (andamos finos).
O medo é castrador e deve ser aniquilado e isso digo-te sem cabrisse apenas com pena do que vejo.

Beijo

Paula disse...

Moi,

Nem outra coisa esperava de ti minha querida.

Beijo
Namasté
(A Deusa que habita em mim saúda a Deusa que habita em ti ;-) has you now)

Amizade / Amistad disse...

Olá Amiga Utena

Hoje é dia 20 de Junho, Dia do Amigo.

Feliz Dia do Amigo para ti.

Convidamos-te a ires ao Farol e trazeres para o teu blog o selinho que dedicamos aos amigos neste seu dia.

Beijinhos dos amigos de sempre

Argos, Tétis e Poseidón

Um Farol chamado Amizade

Paula disse...

Amizade,

Receber um miminho destes meus amigos virtuais mas sempre tão presentes sabe muito bem.
Vou já lá buscar.

Beijinhos e obrigada