Dou por mim
repetidas vezes a pensar que algo tem de estar mal neste mundo, não sei porque
talvez seja a idade que me faz olhar para o que me rodeia de uma forma diferente
mas a verdade é que algo não assenta bem hoje em dia.
As pessoas
estão amorfas, derrotadas. Com aquele ar que me irrita solenemente de aceitação
total de tudo como se nada se pudesse fazer para mudar as coisas.
Vivemos por
ciclos entre o bum da vitória e o pum da derrota e no meio dou por mim a
encarar com o “deixa lá” do conformismo bacoco de se saber que não estando as
coisas nas nossas mãos o melhor é não nos chatearmos com nada e deixarmos andar,
vivendo no limiar do que não se pode ter, sonhando com o que se teve,
desistindo do que se deveria conseguir.
As desgraças
encaram-se com o sentimento de aceitação, as vitórias com descrença e as faltas
de vergonha na cara com ironia. E mesmo essa ironia é uma ironia salobre, fraca
e tímida que nos faz esfoçar pequenos esgares de sorriso que mais parecem uma contração
muscular mal controlada.
Com a idade
fui-me cansando das lutas, dos meus ataques intempestivos que muitos aprendem a
conhecer e poucos foram corajosos o suficiente para os aguentar, hoje adquiri um
lado mais sarcasticamente “cabreiro”, eu sei que o sarcasmo é um dom que se vai
adquirindo com a idade, com os pontapés no cú que vamos levando, mas
sinceramente será possível que em tão pouco tempo as pessoas passaram de
lutadoras a massa uniforme de cobardes?
O que eu
vejo são carneiros, bem comportados e fofos carneiros que se deixam seguir
obedientemente para o matadouro. Por medo, por cansaço, por conformismo, pelo
que for mas mesmo assim carneirinhos que se lamentam mas que nada fazem para
mudar o destino.
Destino! Uma
palavra tão tipicamente Portuguesa como saudade.
Tenho tantas
saudades de quando existia quem mandava o pré-definido destino bardamerda e o
agarrava com as mãos e eram tantos que o faziam. Onde andam?
Que é feito
dos lutadores de causas justas que iam a luta sem temer as facadas nas costas,
os acidentes de percurso?
Medo! Esta
deveria ser a palavra mais portuguesa por agora.
Medo de
perder o emprego e por isso se aceita barbaridades que se dizem e se fazem sem
ripostar, sem se defender!
Medo de não
ter dinheiro para sobreviver e por isso se mantém uma vida nula e triste.
Cinzenta, desprovida de cor.
Medo de
estar sozinho/a e por isso aceita uma relação que não leva a nada, nem evolui
em nada, apenas porque sim.
Cultamente,
incultos que sentem a necessidade de acreditam em tudo o que ouvem desde de que
lhes traga a ilusão de uma luz ao fundo do túnel mesmo que essa luz seja o
sinal luminoso da queda de um precipício.
È preciso
que voltem os princípios, as lutas pelo que se acha certo. Nem que no fim tudo
arda, vidas se percam, ilusões se acabem.
Questiono-me
no entanto se o maior receio não será mesmo esse?
O medo que a
ilusão acabe mesmo que seja uma ilusão medíocre de um controle que não existe
de uma vida que já não vale a pena ser vivida.
Namasté
16 comentários:
Clap, clap, clap! Plenamente de acordo! Conformar-me... nunca! Sim, eu tenho medo de que as coisas corram mal... mas tenho ainda mais medo de olhar para trás daqui uns anos e pensar que não aproveitei, não arrisquei, não fiz nada. E cada caso, é um caso, mas irrita-me solenemente essa atitude conformista, tão típica por estas bandas.
Karina,
Obrigada =)
Sim sem dúvida que o olhar para trás e ver que deixamos de fazer as coisas por medo é o pior das recordações de um passado pouco vivido.
Eu tinha medo de arriscar por vezes perder sensações e emoções. AGora arrisco tudo sem medo de viver nem de ser vivido
Beijos
Meu querido Charmoso,
Na vida o não temos como garantido, as vezes quando dá-mos aquele passo para o desconhecido tudo faz sentido.
É aí que a vida começa a ser vivida.
Beijo
..às vezes temos vidas dentro de outras vidas...e todas elas já morreram...e nem conta demos!
beijo
ps: essa imagem faz-me sorrir...boas lembranças!
Dreamcatcher,
Perdemos-nos no limbo salobro do dia a dia e nem nos apercebemos que perdemos controle da nossa própria vida.
Ainda bem que te fez sorrir as memórias sabem sempre bem.
Beijo
Por vezes o conformismo surge sem nos apercebermos... mas devemos sempre lutar contra ele... nunca baixar os braços.. mesmo quando pensamos que não temos alternativa, temos de lutar sempre... lutar pela nossa felicidade.. porque só vivemos uma vez... por isso temos de viver, lutar, lutar por nós, pela felicidade.. é porque sabes: a vida vale mesmo a pena ser vivida...adoro-te minha mana e desejo-te toda toda toda a felicidade do mundooooooooooooooooooooooooooooo!
beijinhos muito grandes,
OlgaM
Eu uma lutadora também dou por mim conformada e a desistir de lutar, a resignar-me com certas coisas e a não fazer nada para as modificar. Acho que andamos todos um pouco desiludidos e sobretudo muito cansados e desgastados... queremos mesmo é sopas e descanso, que não nos aborreçam e não nos incomodem. Guerras?? Essas são para os outros....
Desconhecia esse teu lado "trotskista" algures entre o Kitsch cabreiro e a Place Vendome.
Mas a menina já não tem idade (penso eu) para tais incursões ideologicas, apesar de que a epoca do verão ser propicia e criar sempre grandes revoltas nas redes sociais!!!!
Ao ler este "Manifesto Anti-Medo", parece que mergulhei num documentário panfletario tipo "Mai 68".
Achas possivel ou ainda acreditas na mudança????...bom vou até ali à costa da caparica tomar um banhinho e comer um coissant.
Mas que o medo anda por aí, lá isso anda e és capaz de até ter razão.
Mulheres cheguem-se à frente "Soyez realistes demandez l'Impossible "
Logos e Praxis
Nem sempre conseguimos alcançar tudo o que desejamos, mas caminhamos sempre. Eu caio, mas levantarei novamente, e novamente...
Beijo em ti
Namasté
Olga,
Sim verdade que muitas vezes temos momentos de exaustão que nos impede de seguir em frente, mas não podemos desistir nem conformarmos-nos com o que supostamente não pode ser mudado.
Beijos
AC,
Tu não!
Tu minha guerreira e lutadora não podes desistir do que te faz feliz.
Dá tempo, recupera, pega nas armas e segue em frente.
Logos et Praxis,
Já cá faltava o teu sarcasmo inteligente que me irrita tantas vezes.
Ideologias não tem idade meu caro senhor (acredito que devo chamar-te assim pela tua acho eu), luto pelo que acredito mesmo acompanhada por um croissant na Caparica (andamos finos).
O medo é castrador e deve ser aniquilado e isso digo-te sem cabrisse apenas com pena do que vejo.
Beijo
Moi,
Nem outra coisa esperava de ti minha querida.
Beijo
Namasté
(A Deusa que habita em mim saúda a Deusa que habita em ti ;-) has you now)
Olá Amiga Utena
Hoje é dia 20 de Junho, Dia do Amigo.
Feliz Dia do Amigo para ti.
Convidamos-te a ires ao Farol e trazeres para o teu blog o selinho que dedicamos aos amigos neste seu dia.
Beijinhos dos amigos de sempre
Argos, Tétis e Poseidón
Um Farol chamado Amizade
Amizade,
Receber um miminho destes meus amigos virtuais mas sempre tão presentes sabe muito bem.
Vou já lá buscar.
Beijinhos e obrigada
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