E pronto cá venho eu dar abertura a um novo ano… novo texto.
Mantém-se algumas ideias, refinam-se manias…prometem-se resoluções que raramente se cumprem.
Muitas porque são irreais, outras porque foram feitas porque é suposto que assim seja… algumas por preguiça.
Eu este ano não fiz na meia-noite resoluções para o novo ano… fiz pedidos. Ou melhor repeti aqueles que já cá tinha deixado. Sinto que para ser realmente feliz são eles aquilo que necessito. Nunca fui de bens materiais.
O mundo está doente, deseja-se e luta-se pelas coisas erradas, desistem-se das certas porque dá muito trabalho ir atrás do que realmente desejamos. A verdade é que me cansei de lutar contra os moinhos de vento.
E ontem quando me fui deitar depois de ter estado a ver o filme Invictus fiquei com um poema na cabeça que me fez despertar as 3 da matina e ficar a remoer no aconchego amante da madrugada.
“De dentro da noite que me cobre,
Preta como a cova, de ponta a ponta,
Eu agradeço a quaisquer deuses que sejam,
Pela minha alma inconquistável.
Na cruel garra da situação,
Não estremeci, nem gritei em voz alta.
Sob a pancada do acaso,
Minha cabeça está ensanguentada, mas não curvada.
Além deste lugar de ira e lágrimas
Avulta-se apenas o Horror das sombras.
E apesar da ameaça dos anos,
Encontra-me, e me encontrará destemido.
Não importa quão estreito o portal,
Quão carregada de punições a lista,
Sou o mestre do meu destino:
Sou o capitão da minha alma.”
E nas horas sombrias do fim da noite e inicio do dia ele fez todo o sentido, pelo menos para mim. Resignamo-nos ao destino, influenciamo-nos pelas más energias de quem nos rodeia… fazemos coisas porque nos fazem… não fazemos se não o fizerem.
E deitada na sala, a ouvir a chuva cair fiz talvez aquela que será a minha mais realista resolução… sem a imposição da hora ou o stress de ter de engolir uma passa por badalada na meia-noite. Sem promessas incumpridas ou obrigatoriedades.
Apenas sussurrei para mim e para aqueles que invisivelmente me acompanham, vou atrair para mim apenas aquilo que me faz bem. Ver o que de bom posso tirar e não o que de mau me querem dar. E sorrir muito… com alma e com vontade mesmo para aqueles que eu sinto que por mania, com ou sem motivo pouco bem me querem e muito me invejam porque pouco sabem da minha vida…
Nas sombrias horas da madrugada do segundo dia deste ano novo… desta página em branco a espera de ser escrita tomei a decisão de apenas colocar a tinta aquilo que me fizer ser melhor como mulher.
Será irreal… uma luta inglória? As ilusões de uma louca idealista?
A vida já me fez ver que mesmo na derrota tiramos valiosas lições que nos ajudam a ser como somos.
Mente sã… corpo são… alma limpa. Comecei hoje…
Sorri quando sai de casa… quando fui ao café… quando atendi a mais chata das clientes.
Sorri enquanto regressava… quando iniciei o treino novo… quando senti as pernas a arder na passadeira e os pulmões a deixarem sabor a chumbo na boca.
Sorri quando olhei o telemóvel e vi uma mensagem de alguém que não desejava e respondi com o mesmo sorriso no rosto.
Quero para mim filtrar o melhor que me possa trazer o ano… se vou sair do trilho muito provavelmente, se vou voltar a ele? De certeza.
O ano vai ser difícil, já temos os discursos apocalípticos daqueles que nos deviam dar coragem… já se sente no ar a satisfação venenosa daqueles que nos deviam elucidar…
Que seja… quero no entanto para mim o melhor que ele me puder trazer e ele não o vai fazer sem a minha ajuda.
Quero porque mereço e não como capricho qualquer de uma menina mimada… quero porque na madrugada em que me entreguei á noite me fizeram sentir nos ossos que o vou ter!
Começo a escrever o novo ano…
Namasté!